quarta-feira, 4 de junho de 2008

À maneira do heterómino Álvaro de Campos

À maneira do heterómino Álvaro de Campos

Rodo a torneira

Ela cai, desamparada, bem quente

Bem quente, escalda a epiderme

E já me queima, me ferve o sangue

E então?

Só o choque com o extremo

Me consegue consolar

Só assim me adormece, me aquece e faz esquecer

Os tremores gelados, o reflexo do pensamento

Que também tremelica

E simula um abraço quente de que preciso

O que bastava para me sossegar

Enquanto me envolve

Talvez me limpe por segundos

E me abstraia o palco atafulhado da minha mente

Apertado, no qual as personagens

Já tropeçam nas preocupações contornáveis

Por ali espalhadas

Para a água circundante

Lanço olhares rígidos

Observo-a tão fugaz e igual a si mesma

Peço-lhe que me limpe os pesos da alma

Se ao menos eles se desprendessem

Com um mero sacudir da cabeça,

Caíssem e se afogassem,

E corressem com ela, a uma velocidade tao despachada

Numa fuga sem retorno

Talvez aí a palavra “banho”

Ganhasse novo significado

E a pureza não se cingisse só ao que é palpável

Ah se pudesse desintoxicar

As frases que ecoam na mente

Numa breve cirurgia removesse

O que é maligno

Descarregar so um pouco, mas que seria tanto

Esta caixa acorrentada e inconfortável

E assim, ver de longe afundar

Os contaminados sentimentos que

Por aqui me ferem

Ela continua a correr

Alheia ao que penso dela

Ao pedido que lhe faço

Não me ouve, tão pouco precisa

Dos pesados pensamentos, que lhe regateiam

Não os quer,

Quer correr veloz, sem entraves

Fico com eles, pois a mim estão bem pregados

E como graves parasitas não irão descolar.

Vejo-lhe os últimos resquícios,

Parece até esboçar um copioso sorriso

Por se ver livre de mim

Como foge das latejantes

Lamúrias de mim.

Andreia Silva, nº6 – 12ºK

segunda-feira, 2 de junho de 2008

À maneira de Raymond Queneau, Exercices de Style

Exercícios de estilo

A partir de um excerto de Memorial do Convento:

Página 39

Ao outro dia, aí pelas onze horas dele, bateu à portaria do convento um estudante, cujo convém dizer logo que desde há tempos andava pretendendo o hábito da casa, frequentando com grande assiduidade os frades dela, e esta informação se dá, primeiro, por ser verdadeira e sempre servir a verdade para alguma coisa, e, segundo, para auxiliar quem se dedique a decifrar actos cruzados, ou palavras cruzadas quando as houver, enfim, bateu o estudante à portaria e disse que queria falar ao prelado.

Notas:

Num dia; pelas onze horas. Estudante frequente e assíduo bate a porta do convento porque quer falar ao prelado. A informação é verdadeira, porque a verdade para alguma coisa e auxilia a decifrar actos e palavras cruzadas que existam.

Retrógado:

Dizendo que queria falar com o prelado, a portaria bateu o estudante, enfim, palavras cruzadas ou actos cruzados, quando os há, são decifrados por quem se dedique auxiliando, segundo a teoria que sempre serve a verdade para alguma coisa e primeiro, por ser verdade a informação de que os frades da casa são com grande assiduidade frequentados, pois o hábito está pretendendo há tempos, convém dizer, o tal um estudante que à portaria do convento bateu, aì pelas onze horas, ao outro dia.

Hesitações:

Terá sido no outro dia? Não me recordo bem, mas sim, acho que foi… De manhã? À tarde? Talvez ai pelas onze horas dele. Bem, bateu acho que um estudante, agora não sei se terá sido à portaria de um convento ou de uma capela, mas acho que há algum tempo que pretendia alguma coisa… Mas o quê? Talvez o hábito da casa… Sim, não tenho a certeza, mas acho que frequentava o sítio muitas vezes. Mas será esta informação verdadeira? Talvez. E será que serve a verdade para alguma coisa perante tanta dúvida? Não sei… Nem sei se haja quem se dedique a decifrar actos e palavras cruzadas, e muito menos sei se as há. Ai, enfim… acho que ele bateu a portaria e queria ou falar ao prelado ou… se calhar era à sua irmã, não tenho a certeza.

Euforia; Exclamação:

Bem! No outro dia, aí pelas onze horas, houve um acontecimento inédito! Um estudante bateu à porta do convento! E mais! Não é que já andava há tempos a frequentar o mesmo com uma extraordinária assiduidade? E tenho a certeza do que digo, porque primeiro se esta informação foi-me dada e tenho a certeza que se me foi dada é por ser verdadeira e porque a verdade há-de servir para qualquer coisa! E depois, eh pá… mas que acontecimento, ainda nem estou em mim! Bem, como eu estava a dizer, segundo porque há quem goste de decifrar estes casos maravilhosos da vida! Foi fenomenal, nem eu tinha ouvido acontecimento mais polémico há tanto tempo! E o mais engraçado de tudo, é que o estudante até bateu a porta e pediu para falar ao prelado! Inacreditável, não?!

Contra-capa de livro:

Um extraordinário romance que nos leva a reflectir sobre a verdadeira essência da verdade, no seu mais puro estado. Um romance que nos faz sonhar, ver e reviver as nossas próprias experiências através da história de um estudante que se torna num protagonista cúmplice para com o leitor, fazendo-o questionar-se sobre as nossas fontes e sobre quem as questiona e decifra. Um romance para ler e reler, para saborear e aproveitar.

“bateu o estudante à porta e disse…”

Carta Oficial:

Ex. Senhor;

Venho por este meio comunicar-lhe o mais recente acontecimento que por aqui se pode assistir. No outro dia tivemos a honra de termos sido visitados por um jovem estudante, bastante interessado nas nossas instalações e no hábito da casa. Podemos nós lhe garantir o seu interesse, devido à sua inabalável assiduidade e à veracidade destes factos, que provam que a verdade existe para alguma coisa, pois existem testemunhas que confirmam este prestável caso. Podemos ainda acrescentar-lhe que o jovem estudante veio com boas intenções e estamos confiantes de que haverá uma próxima visita por parte deste.

Prometemos estar atentos à situação e enviaremos notícias, se as houver.

Com os melhores cumprimentos;

O Prelado.

Estrangeirado:

At the other day, aí pelas eleven horas, an etudant knock knock knocking at the convento’s door, que há tempos o frequentava avec grand assiduidade. Esta informação é verdadeira porque wahr serve sempre para quelque chose e depois, auxilia quem se dedica a decifrar these crazy acts or words cruzadas quando they shows. Well, knock knock knockin on the convento’s door et the pequeno estudante queria um “parlápié” com o prelado.

Problema/Enunciado:

Considerando o dia X com as horas Y, resolva a seguinte equação tendo em conta o tempo real desde quando o estudante que se dedicava fielmente à frequência do convento bateu à sua porta até ao momento em que pediu para falar com o prelado, tendo em conta que a verdade M se encontra num plano de auxilio M’ que deverá usar para decifrar ou actos cruzados denominados por L ou palavras cruzadas denominadas por K. Resolva a equação de forma a que P seja verdadeiro e que P’ sirva para alguma coisa.

Joana Rosa, 12º K

Contos de um minuto, á maneira de István Örkény

(Alguns dos contos do Bernardo:)


O
titulo não é tudo

Encontro-me no supermercado rodeado de produtos onde apenas uma pequena brecha deixava ver o seu interior e aspecto, o resto são apenas slogans apetecíveis. Decidi comprar todos os produtos e colocá-los à prova. Comprei pasta de dentes, cd’s, livros, escovas, máquinas com diferentes funções, desodorizantes, seriais, comida enlatada, todos os tipos de pão e apenas me sentia realizado com letras e nunca com rótulos discretos, esbranquiçados e de óptimo aspecto interior.

Enquanto esperava na fila deparei-me no chão a ler um tal Memorial do Convento, passaram duas horas e a fila tinha apenas avançado um pouco e eram mais berros e desesperos suados do que propriamente contentamento por estar a desperdiçar as horas livres do fim de semana inerte e inútil.

Quando concluí o livro, passadas sensivelmente seis horas, chegou a minha vez... Decidi então arrumar todos os produtos e promoções marcantes, apercebo-me que na vida tudo é mais do que um mero resumo empobrecido.

Cedo o meu lugar e volto a secção esbranquiçada.

Pressentimentos

Acordei num dia primaveril e senti que algo de bom se ia suceder. Arranjei-me, maquilhei-me, tudo o que uma mulher na casa dos trinta tem direito quando sente a sua beleza desvanecendo.

Tomei o pequeno-almoço, sorri apenas por ser Sábado e desloquei-me para um passeio até ao jardim perto de minha casa. Estendi a manta e dei início à minha “leitura das dez horas”. Fazia um sol tranquilo, porém um homem interpôs-se como mais uma árvore que protegiam as delicadas flores do jardim.

Conversou comigo, fez-me sentir o porquê daquele bom pressentimento. Elogiou-me e convidou-me para jantarmos.

Hoje encontro-me num sótão fechado há vários dias, vejo apenas os tímidos raios e as árvores de outro ângulo. Ele trancou-me e usa-me como quer. Não quero morrer solteira, por isso sorrio sempre que ele vem abusar ou bater-me, pois ainda tenho o pressentimento que algo de bom vai acontecer.

Uma noite perdida

Todos os dias, ao fim do trabalho, encontro-me no mesmo pub com as minhas amigas. Ficamos lá até por volta das dez da noite. Foram assim passando os anos, depois do trabalho, ida ao pub com as amigas. No princípio era apenas com as amigas, depois foi o álcool e ali me encontrava sozinha, bêbada a ser expulsa todas as noites pelo patrão.

Todos os dias via-o, estava sentada a dez metro da minha mesa a olhar para mim. Por vezes ia sozinho e sei que era para me ver, tal como eu que apenas bebia 5 wiskeys para me distrair e na esperança de perder o medo e chegar-me até ele. Por vezes éramos os últimos do bar, mas nunca saíamos juntos ou tínhamos amigos em comum. Uma vez levantei-me e ele levantou-se, aproximámo-nos a 8 metros, mas ambos nos sentámos logo de seguida.

O nosso amor apenas resulta a dez metros.

Os anormais

Nasci como qualquer criança normal neste mundo, deficiente, até um pouco sobre dotada, visto que os médicos descobriram que aos cinco anos utilizava 3% do meu cérebro. Ainda me lembro vagamente da minha mãe coxa e de braços e mãos pequenas abraçada a mim e o meu pequeno pai de cinquenta e sete centímetros sorrindo pela novidade. Frequentei a escola onde pude aprender a pintar e a relacionar-me com outros deficientes. Lá conhecia o João, o meu melhor amigo, cego e sem a mão esquerda e a Francisca, uma rapariga deslumbrante, paraplégica e sem o braço direito. Foi por quem eu me apaixonei e ao fim de quinze anos de namoro, casei e tivemos um filho. Infelizmente ele nasceu normal, saudável a nível físico e mental, porém com grande força ultrapassamos cada dias as barreiras que se vão impondo pois o instinto de pais é mais forte do que qualquer normalidade. Apesar de alguns colegas gozarem com o Rodrigo, ele foi bem recebido e nós amamo-lo como se fosse anormal como quase todas as crianças no mundo.

Toalha de mesa

Nasci na toalha de mesa, uma rápida improvisação caseira dos médicos para o meu súbdito parto. Comi a minha primeira refeição na toalha de mesa. Já estudei múltiplas vezes na toalha de mesa. Já jantei com muitos amigos na toalha de mesa e até namoradas na toalha de mesa. A toalha de mesa já fez de toalha e de forro para o sofá. Pedi a minha mulher em casamento na toalha de mesa e de seguida perdi a virgindade na toalha de mesa. Fizemos o no primeiro e segundo filho na toalha de mesa depois de um jantar romântico. Jantei em cima da toalha de mesa no primeiro dia da nova casa, chorei pela morte dos meus avós e ri pelo nascimento dos nossos dois filhos. Com ela me enforco hoje, no dia 28 de Abril de 2008, onde futuramente a minha ex-mulher quando vier buscar as últimas malas e os papeis do divórcio assinados, irá chorar na toalha de mesa que me matou...

Desespero

Estava um pouco cansado, depois de um longo dia de trabalho árduo e decidi entrar no bar mais próximo. Percorri apenas alguns metros de escuridão até encontrar uma placa em néon. Entrei e pedi um copo de wiskey. Enquanto os problemas eram esquecidos em cada golo, entra uma mulher que se senta ao meu lado. Vem com a pintura borrada e desabafa a sua história.

Fala-me que ainda hoje se tentou suicidar. Atirou-se da ponte mas sem sucesso, apenas consegui arranjar alguns hematomas. Fala-me que tentou afogar-se a semana passada, mas a água tinha sido corta nesse mesmo dia. Conta-me que tentou ingerir comprimidos, no entanto tivera uma gastroenterite e nem teve tempo de ingerir mais do que uma caixa.

Sentada no bar, morreu de coma alcoólico.



Bernardo, 12º J

Reflexão pessoal...

... acerca de um poema de Brecht e do Memorial do Convento

Durante toda a história, e assim o continuará a ser, somente as pessoas importantes são reconhecidas por terem tido as ideias ou simplesmente por estarem à frente dos projectos. Os reis, os príncipes, os políticos, estes sim ficam na história, quando quem deveria ficar eram os operários, que foram roubados às suas famílias e obrigados a trabalhar à força”amarrados em cordadas”, como aconteceu em Mafra.

Citando o poema de Bretch onde ele pergunta “Foram os reis que arrastaram os blocos de pedra?”, e pergunto também eu, foram? Claro que não! Seria com certeza um episódio engraçado ver suas altezas, com os trajes riquíssimos da época a arrastarem blocos de pedra, amarrados e obrigados a trabalhar pelos soldados e pelo povo.

Nenhum dos homens que sacrificou a sua felicidade e a sua liberdade foi glorificado e compensado pelo seu esforço, todos os Manéis, Josés, Pedros, cairam no esquecimento ou nem sequer chegaram a ser lembrados. Apenas ficou o João, quinto do nome na tabela real, que edificou um convento, o de Mafra, carregando ele próprio a sua abóbada e todas as pedras que o compunham, este pesava muito pouco e cabia talvez numa mesa, pois era apenas uma maqueta.

Mónica Santos, 12º K

Variações sobre um tema à maneira de Raymon Queneau (Exercices de Style)

A Arte Da Fuga

Miguel Fernandes, nº18 12ºk 2008

Excerto Original do Memorial Do Convento a partir do qual as variações foram feitas:

Já se deitaram. Esta é a cama que veio da Holanda quando a rainha veio da Áustria, mandada fazer de propósito pelo rei, a cama, a quem custou setenta e cinco mil cruzados, que em Portugal não há artífices de tanto primor, e, se os houvesse, sem dúvida ganhariam menos. A desprevenido olhar nem se sabe se é de madeira o magnifico móvel, coberto como está pela armação preciosa, tecida e bordada de florões e relevos de ouro, isto não falando do dossel que poderia servir para cobrir o papa.


Pormenorização

Já se deitaram, era perto das 22h42. Esta é a cama de pinho envernizado, com acabamentos feitos em Portugal, que veio da Holanda quando a rainha veio da Áustria, mandada fazer de propósito pelo rei, a cama de pinho envernizada e com acabamentos feitos em Portugal, a quem custou setenta e cinco mil cruzados, que em Portugal, país que fica ao lado de Espanha formando a península ibérica com a mesma, note-se que não há artífices de tanto primor, e, se os houvesse, sem dúvida ganhariam menos. A desprevenido olhar nem se sabe se é madeira o magnífico móvel, coberto e revestido como está pela armação preciosa que envolve e aguenta todo o peso do magnífico móvel, tecida e bordada de florões e relevos de ouro, material mineral raríssimo, isto não falando do dossel que poderia servir para cobrir o papa.

Gerúndio

Já se iam deitando. Esta é a cama que tendo vindo da Holanda quando a rainha veio da Áustria mandada fazer de propósito pelo rei, a cama, a quem custando setenta e cinco mil cruzados, que em Portugal não havendo artífices de tanto primor, e, se os houvesse, sem dúvida ganhariam menos. A desprevenido olhar nem se sabe se é de madeira o magnifico móvel, coberto com está pela armação preciosa, tecida e bordada de florões e relevos de ouro, isto não falando do dossel podendo servir para cobrir o papa.

Interrogativo

Já se deitaram? É esta a cama que veio da Holanda quando a rainha veio da Áustria, mandada fazer de propósito pelo rei? A cama, a quem custou setenta e cinco mil cruzados? Que em Portugal não há artífices de tanto primor, e, se os houvesse ganhariam menos? E a desprevenido olhar? Como se saberá se é de madeira o magnifico móvel, coberto como está pela armação preciosa? E o porquê de tecida e bordada de florões e relevos de ouro? E poderá o dossel servir para cobrir o papa?

Presente

Deitam-se. Esta é a cama que veio da Holanda quando a rainha vem da Áustria, mandada fazer de propósito pelo rei, a cama que custou setenta e cinco mil cruzados, que em Portugal não há artífices de tanto primor, e, se os há sem dúvida que ganham menos. A desprevenido olhar não se sabe se é de madeira o magnifico móvel, coberto como está pela armação preciosa, tecida e bordada de florões e relevos de ouro, isto para não falar do dossel que pode servir para cobrir o papa.

Ciganês

Aí deitaram-sí. Esta é a cama que veio da Holanda quando a rainha aí esse sapo, veio da Áustria, aí que foi amandada da fazerí de propósito pelo rei baia, aquela acostou setenta e cinco milí cruzados, que em Portugal ná há artífices de tanto valorí, e, se existem aí sem dúvida que ná recebem tanto. Quanto mais aos olhares daqueles sabugos dum raio que nan sabem nem olhar para o piriquito ,nem sabem se é de madeira o raio da cama, que anda coberto como anda pela armação que é tão preciosa que se morra o meu avô, e odepois ainda é tecida e bordada de florões e relevos de ouro, báia isto para ná falar do dossel que ainda quase dava para cobrir o papa.

Sinónimos

Já foram dormir. Esta é a cama que mandaram vir da Holanda quando a rainha regressou da Áustria, criada especialmente pelo rei, a cama, a quem a despesa saiu em setenta e cinco mil guerreiros que tomavam parte nas cruzadas, que em Portugal não há inventor de tanta perfeição, e, se os houvesse, sem qualquer questão venceriam pouco. A desacautelado olhar nem se sabe se é de parte lenhosa compacta e dura das plantas o esplendoroso objecto de mobília, tapado como está pela vestimenta metálica valiosa, cozida e bordada de florões e altos e baixos de matéria mineral muito valiosa, isto não dizendo do dossel que virá a ser útil para tapar sua santidade.

Arte da Fuga – Bach

Era uma vez uma menina que ao acordar a meio da noite hipnotizada com uma música que se ouvia baixinho no seu quarto, foi levada por ela para um palácio abandonado no meio do nada. Caminhando a noite toda por ruas largas sem movimento nenhum, a menina ia sozinha na companhia de nuvens misteriosas que dançavam, enrolavam-se e ganhavam formas ao ritmo da música hipnótica, ao lado dela. Ondulantes e rítmicas, pareciam peixes a nadar no mar, ora cheias de cor, ora brancas quase transparentes como as ondas a rebentar na areia...

ARTE DA FUGA, DE BACH

Esta música faz-me lembrar uma tarde calma, não com muito sol, mas com um ar fresco, como se este nos massajasse a face de modo delicado... Faz-me avançar no tempo e sonhar com o dia em que estarei sentado num jardim com a família que irei formar um dia.. Alegrias e tristezas vão rodear-nos, mas tudo será ultrapassado por novos acontecimentos e essas variações de sentimentos vão servir para nos tornar mais fortes para o que há-de vir...

Alexandre Rodrigues

12ºK - Nº1