domingo, 28 de outubro de 2007

Matriz do 1º Teste


É só clicar!


sábado, 27 de outubro de 2007

Pois é...

... parece mentira, e no entanto...
ao apagar os meus posts com a matriz em forma de puzzle, acabei por apagar também a matriz que a Maria tinha colocado!
Eu sei que não se faz, mas eu... fiz! :-(
Maria, ou alguma alma caridosa que por aí esteja, podes repetir?! Eu sei que não há paciência, mas prometo para a próxima ter mais cuidado! :-)
Bjis, bom fim-de-semana!
R

Um pouco abaixo...

... já podem ver a matriz em formato "decente" :-) .
O meu agradecimento à Maria.
R
Para verem em tamanho maior, basta fazerem clique sobre a matriz.

Diário de 17/10/07 (turma I)

No dia 17 de Outubro, pelas 8:45h inicia-se a primeira aula de português da semana.
A professora começou por ler excertos de um livro relacionado com a Expo 98. Este livro encontra-se directamente ligado ao nosso programa, visto que fala do mar (tema fulcral de Os Lusíadas). Gostei particularmente desta leitura, pelo facto da sua escrita ser mais acessível do que as restantes leituras até agora realizadas.
No restante tempo da aula, a professora leu e analisou alguns versos de Os Lusíadas, mas eu não consegui manter-me atenta. Ouvia algumas palavras, mas acabava sempre por me distrair, não conseguindo assim relacionar os factos.

Maria Galhano nº15 12ºI

Diário da aula de português no dia 25 de Outubro de 2007

Diário da aula de português no dia 25 de Outubro de 2007

A nossa aula começou de uma maneira extremamente divertida, pois estávamos (alunos) sentados ao longo do corredor à espera que a porta nos fosse aberta por uma funcionária. Depois de algum tempo à espera, a professora pediu a um aluno, neste caso o Victor, que fosse buscar a chave para podermos entrar na sala, fazendo este uma brincadeira que não tinha a chave, por isso não poderíamos ter aula, mas isso não nos impediria, pois arranjaríamos outra solução. Acabámos por entrar, e cada aluno sentou-se na sala de aula segundo a planta estabelecida na aula anterior. A professora, com o desenrolar dos temas da aula, explicou-nos o porquê da utilização das efemérides, pois um aluno tinha questionado o seu uso. De seguida, a professora Risoleta leu-nos um poema relacionado com o dia da árvore, de Alberto Caeiro. A professora deu o seu e-mail para ser feita uma troca de trabalhos e documentos entre os alunos e a própria. De seguida estudámos um texto do livro sobre o tempo de Camões e fizemos um mini jogo, completando as frases da professora para que nos fosse despertada alguma cultura geral. A professora explicou-nos o significado de “letargia” pois ninguém na sala de aula sabia o seu significado e associou a palavra aos animais que hibernam pois estes tem um sono muito longo, quase mortal. Revemos a estrutura interna e externa da obra Os Lusíadas. Por último, a professora fez a chamada, para confirmar se estavam todos os alunos, deixou-os saírem da aula e desejou um bom almoço.

ANA MARIA Nº 3 12ºK

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Livro a livro, mês a mês

Do Centro de Recursos da escola, destaco um livro onde cabe o mundo todo e os tempos todos, já que contém poemas de todo o mundo e de todos os tempos.

A PROPÓSITO DE VIAGENS E DO VIAJAR E DA PROCURA E DO PROCURAR
(ou, como quem não quer a coisa, falando ainda d'Os Lusíadas e da Mensagem e do V Império) escolhi
um poema desse livro, neste caso, de um português, neste caso, um contemporâneo: Manuel Alegre. Mas há mais, muito mais. Lá voltaremos.
Se te apetecer antecipares-te a esta rubrica, podes dirigir-te ao Centro de Recursos e perguntar, nas estantes de Literatura, pela Rosa do Mundo. Há-de responder-te. Se te apetecer convocar aqui um poema, podes fazê-lo.

Portugal
Manuel Alegre (n. 1936)


ÍTACA



Não vale a pena suportar tanto castigo.

Procuras Ítaca. Mas só há esse procurar.

Onde quer que te encontres está contigo

dentro de ti em casa na distância

onde quer que procures há outro mar

Ítaca é tua própria errância.

SOGETSU, A. Freira, et al. Rosa do Mundo. 2001 Poemas para o Futuro. 3ª ed. Lisboa, Assírio & Alvim. 2001

Fico sempre espantada e comovida com a profunda sabedoria dos poetas. Penso até que deveriam ler mais vezes os seus próprios poemas, tinham tanto a aprender consigo mesmos...


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Diário da Aula de 25 - Setembro - 07

Diário de 25 de Setembro de 2007

Comecei a ter aula de Português por volta das dez e meia. Já bem acordada, iniciámos com a efeméride da Catarina, que com uma ingenuidade reflectida nos seus olhos brilhantes, dizia não saber sequer quem era o tal escritor português que nascera naquele dia, então achei-lhe uma certa graça.

Após termos falado um pouco de Fernando Pessoa, a professora evitando entrar no programa abruptamente, leu-nos uma crónica sobre Os Lusíadas “em verso”, com uma entoação que eu achei tão doce e tão leve… O verso chamava-se “Estava-se com as ondas ondeando”, esta aliteração, retirada do verso, para meu espanto dava nome à crónica da autoria da “stora”, fez pensar como é que aquela pessoa talentosa não se tinha lembrado há mais tempo de divulgar aquele talento perante os seus alunos que a ouviam com tanta atenção.

Não tão agradável, senti uma pequena infelicidade quando não pude ficar com os elementos já escolhidos para o grupo de trabalho. Não era uma tragédia, mas custa tanto ter que excluir alguém de quem gostamos mesmo nas pequenas coisas, talvez isto nos ensine algo, talvez até fosse bom aquele sentimento ter-se apoderado de mim, porque são destas pequenas coisas que parecem tão insignificantes que se consegue sempre algo de grande, mesmo quando não se dá por isso.


Alexandra Cunha, 12º J

Diário da Aula de 21 - Setembro - 07

Sexta-feira, dia 21 de Setembro de 2007


Foi a segunda aula de Português para a nossa turma, o 12º J. Ou seja, uma das aulas em que nos é dito directamente todo o programa de 12º de que já tanto tínhamos ouvido falar.

O que eu me lembro da longa batalha de leitura de alguns amigos que só me falavam do “tempo de transporte da pedra” do Memorial Do Convento! Acho que se tornou numa das minhas expectativas quanto ao livro, ao menos já compreenderei o desabafo que então nada me dizia…!

O programa pareceu-me diversificado. Gosto mais do Português do secundário pelo facto de tratar muito de leitura e pouco de gramática. Embora já tenha notado que a professora insiste que mantenhamos conhecimentos gramaticais. Quanto a isso tenho que falar do método que usou. A identificação de recursos através da leitura de poemas. Achei um bom método, mais cativante. O facto de iniciarmos as aulas com leitura de excertos também me parece uma óptima ideia, confere um bom ritmo à aula, e acaba por existir uma partilha de interesses.

As efemérides são um ponto de partida para o aumento da nossa cultura, pois há sempre uma ligação a fazer.

Tenho de admitir que uma apresentação de tão vastas ideias me assustou pois pareceu-me muito trabalho, quando pensando na nossa carga horária. Mas penso que o tempo não tem dado assim tanta razão a este receio.

Marta Nunes Romão nº19, 12ºJ

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Relatório da aula do dia 26 de Setembro

Na quarta feira, dia 26 de Setembro, na aula de Português, começou-se por referir as efemérides do dia, estas foram:

  • Dia do mar a 24 de Setembro,
  • Lançamento do primeiro satélite português no espaço no dia 25 de Setembro em 1993;
  • A estreia da História do Soldado, de Stravinsky a dia 25 de Setembro;

Cada uma destas efemérides está relacionada com os temas da aula, ou futuros temas. Para a primeira efeméride a professora leu a crónica “… estava-se com as ondas ondeando”, feita em 2003 pela própria. Esta estava relacionada com Os Lusíadas, leu também a estrofe 20 do canto V desta obra, com o mesmo tema.

A segunda efeméride estava relacionada com uma futura obra, o Memorial do Convento, onde uma das personagens, chamada Padre Bartolomeu de Gusmão construiu uma passarola que é um tema fulcral nesta obra. Como hoje em dia os satélites são muito importantes para a descoberta e a exploração do espaço.

A terceira e última efeméride estava relacionada com o modernismo e com a geração do Orpheu. Orpheu foi um jornal criado para sátira social, como tentativa de introduzir o modernismo na sociedade artística. Fernando pessoa foi um dos participantes deste jornal, estando esta efeméride ligada ao facto deste autor ser um dos que nós vamos estudar. Seguindo-se à explicação ouvimos uma música de Stravinsky, com o título “ A sagração da Primavera” e a professora apontou os nomes da direcção e da orquestra.

Depois das efemérides a professora voltou a um tema da aula anterior, referências bibliográficas, e introduziu uma nova informação. Explicou que quando existe mais que um autor deve-se colocar et al depois do nome de um dos autores; esta expressão significa “entre outros”.

De seguida explicitou um novo conceito, este foi a “animização” que significa dar vida a seres inanimados.

Depois fizemos os grupos de trabalho e a professora referiu os temas dos trabalhos individuais, estes foram:

· A revista Orpheu e os modernistas;

· Fernando Pessoa e a cidade;

· A simbologia na Mensagem;

· O(s) herói(s) d'Os Lusíadas e sua actualidade;

· Os Lusíadas: história narrada;

· Reflexos de Camões em Pessoa? Os Lusíadas espelhados na Mensagem?

· Fernando Pessoa: desmascarar o poeta,

· Nacionalismo e/ou Universalismo;

Para encerramento da aula, a professora fez uma breve introdução ao tema Classicismo.

Data: 26.Setembro.2007

Relatório de Ana Louzada nº 2 turma 12º I

Referência Bibliográfica da Aula do dia 18 de Outubro, do 12ºK

CARVALHO, Mário de. O Capitão Passanha. Expo 98. Lisboa. 1997

Relatório da Aula de Português da Turma do 12ºK do dia 11 de Outubro de 2007.

Efemérides da Andreia Silva Nº6: 10 de Outubro - Dia Mundial da Saúde Mental 11 de Outubro – 1990 O poeta e escritor mexicano Octávio Paz recebe o Nobel da Literatura.

A aula começou com a Andreia Silva a escrever as efemérides no quadro e com a professora a dizer quem tinha de fazer o relatório e o diário.A professora espera para começar a aula, e fala da conversa da aula passada, respectivamente dos diários e dos relatórios, pede também para nós transmitirmos aos nossos colegas que não tinham chegado, acerca do cumprimento do programa e acerca dos atrasos. A professora relembra também que o diário é algo pessoal, mas só até um certo ponto. A Andreia Silva começa a ler o diário da aula anterior, em que fala do debate acerca dos diários e dos relatórios, do ponto de vista dos alunos, assim como o da Professora.Prestes a começarmos os trabalhos de grupo, o David pergunta à professora em relação dos sumários, que não os escreve no início da aula porque pode não conseguir cumpri-los, apelando à nossa ajuda para a irmos lembrando. De seguida a professora diz os sumários das aulas passadas, esclarecendo aos alunos o que é o processo estilístico do “encavalgamento”, (quando o sentido de um verso passa para o seguinte). Em relação às efemérides, a professora disse que nos podia “aliviar”, ou seja, trazíamos só as efemérides quando encontrássemos alguma que considerássemos importante, tendo em conta a matéria.A professora pede que para que na próxima aula nos sentemos nos devidos lugares, pois começará a marcar faltas segundo a planta.De seguida organizámo-nos em grupo e começámos a trabalhar.


Margarida Matias nº15 12º K

Relatório de aula do dia 28 de Setembro

No dia 28 de Setembro a professora começou por indicar no quadro as efemérides, sendo elas:

26 de Setembro de 1888 nasceu T.S. Elliot

28 de Setembro Dia da Liberdade de Expressão

Em seguida a professora leu um poema de:

Elliot T.S., Terra sem Vida. 2º edição Lisboa, ed. Ática 1984.

Depois da leitura, a professora colocou a seguinte questão, “Quem é o terceiro que caminha sempre a teu lado?” e disse-nos para cada um interpretar da forma que achasse mais indicada, mas de preferência de uma forma poética.

Passados alguns minutos a professora referiu algumas características que podem contribuir para que um texto seja poético:

- associações inesperadas;

- provocar roturas na corrente lógica do pensamento;

- não fazer afirmações de forma explícita;

- criar musicalidade.

As páginas do manual que podem ser úteis na parte da matéria relacionada com Os Lusíadas, são:

Página 10 do manual, temos um exemplo da introdução poética na vida quotidiana da época.

- surgem os mecenas, protegem os artistas (Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo…)

Na página 11 trata o “Humanismo”

- É a primeira vez que se dá importância não só à fé mas também ao raciocínio. A fé deixa de ser o centro de toda a razão existencial.

Página 12 “Imitação dos Clássicos e da Natureza”

- a estética andava agora à volta do tema “Natureza” , a cópia do real era neste momento o grande destaque;

- era também dada uma grande importância à mitologia clássica.

Página 14 “Renascimento”

- Nuno Gonçalves, grande nome nas artes e da pintura;

- Damião de Góis destacava-se sendo um intelectual conceituado;

- foi criada a 1º Gramática da Língua Portuguesa;

- Portugal recebe benefícios, mas não se consegue organizar em termos de territórios, e concentra-se no Norte de África.

Passando à Idade Média, o que se destacava era:

- Poesia trovadoresca (século XII,XIII)

- Poesia palaciana (século XIV, XV, XVI)

Publicada no início do século XVI por Garcia Resende.

Por último foi dada também a indicação da página 18 “Portugal no tempo de Camões” ano de 1550 no Reinado de D. João III.

Em 1494 foi realizado o tratado de Tordesilhas;

Em 1521 o longo reinado de D. João III e D. Manuel foi considerado o rei Venturoso.

Ana Subtil nº3 12ºI

Diário da aula de Português do dia 12 de Outubro de 2007

No dia 12 de Outubro pelas 8:45 começava mais uma aula de Português. Iniciou-se como todas as outras, com os constantes atrasos dos alunos, o que é baste incómodo para quem está a ler, seja a professora ou um aluno. Começámos por ouvir o diário da aula anterior feito pela Mónica e depois o relatório feito pela Ana Subtil; em seguida, a “stora” leu também um diário referente à aula do dia 3 de Outubro. Ao contrário do que tem acontecido nas aulas desde o início do ano, não houve referência a nenhuma efeméride. O resto da aula foi dedicado aos trabalhos de grupo; o tema do meu grupo é o Renascimento, Humanismo e Classicismo, do meu ponto de vista a aula foi bastante útil. Esclarecemos algumas dúvidas existentes relativamente à estrutura do trabalho, decidimos o modo de apresentação que vai ser em PowerPoint, mas teremos de nos reunir fora das aulas para concluir o trabalho.

Pedro Santos, N.º 20 – 12º I

Relatório do dia 3/10/2007

A professora começou por escrever no quadro as efemérides: sobre o dia da árvore, do dia da música, do nascimento de Mahatma Ghandi e da morte de S. Francisco de Assis.
Após isso, leu um poema em relação com o dia da música e explicou o sentido do poema, como o poeta usava uma estrutura de prosa nos seus poemas.
Seguiu-se esta actividade com poemas de Bertolt Brecht, poemas de guerra e "Trepar as Árvores", e comparou os poemas com o dia da música.
Foi realizada a leitura do diário de 28/9/2007 pela Susana.
Continuou-se com a leitura de um texto da vida de Camões.
A professora explicou a diferença entre os três modos literários, o narrativo, o lírico e o dramático.
Depois a professora falou sobre Os Lusíadas de Camões, fazendo a comparação com a "Eneia", a "Ilíada" e a "Odisseia". Explicou a estrutura externa e interna d’Os Lusíadas, sendo a estrutura externa composta por 10 cantos, com estrofes de oito versos decassílabos, e a estrutura interna é composta pela proposição, a invocação, a dedicatória e o início da narração, tendo todas estas partes início no canto I.

David Pereira

Diário do dia 26 de Setembro de 2007

Começámos por esperar um pouco pelos nossos colegas, visto irem chegando aos pouquinhos, como se tem vindo a tornar um mau hábito.

Mas rapidamente fomos sossegando e começando a perceber que tínhamos realmente começado mais um dos nossos dias de aulas...

Penso que ficámos realmente calmos e calados quando a professora nos leu a sua crónica d’ Os Lusíadas; percebeu-se claramente que estávamos realmente interessados no texto e estávamos a ter prazer em ouvi-la. Mas não aquele ouvir para sabermos responder às perguntas do teste; a forma como conseguiu comparar Os Lusíadas a um mil folhas (algo tão banal e aparentemente sem nada para dizer), de uma forma deliciosa e cativante, ganhando toda a atenção de uma série de alunos ainda a dormir.
A música foi, muito sinceramente, algo que não me disse muito. Talvez se a tivéssemos ouvido enquanto lêssemos um texto nos tivesse tocado mais, pois iríamos associar a música à história e poderíamos sentir mais o momento ao qual a história nos leva.


Teresa Girão, nº 23 12º I

A propósito de Renascimento, Humanismo e Antropocentrismo e em oposição ao Teocentrismo medieval


Homo cuadratus

Pequeno ensaio sobre as artes do corpo



Um dia tive um sonho em que eu era o homem de Vitrúvio e rodava pelo espaço com o meu pai, que também era uma estrela de cinco pontas. Os nossos corpos apontavam em todas as direcções como querendo chegar a todos os pontos do universo. O ser mais parecido com um ser humano quando todo o seu ser se expande pelo universo, é uma estrela. Uma estrela é luz porque se dá, porque irradia, toda ela brilha por fora e por dentro, por isso ela não só pode irradiar, mas tem de irradiar. Aos homens e às mulheres, quando forem realmente humanos, vitruvianos, vai acontecer-lhes o mesmo.

Este ser por Da Vinci plasmado em estrela, tanto irradia, tanto tem irradiado ao longo destes séculos, que todos vêem nele o que as suas projecções ali depositam: representação artística, simbólica, geométrica, matemática, mística, puramente técnica, histórica, e ensaística e narrativa, como é o caso de alguma da mais recente ficção… Também eu, apesar do meu cuidado, não poderia deixar de me projectar nele. Valeu-me esse sonho que tive há tempos e que um dia contei.

Voemos com ele até Leonardo. Que nasceu em meados do século XV, em Abril, se dedicou às artes plásticas, e se interessou por áreas que vão desde a engenharia hidráulica, aeronáutica, à matemática, geometria, biologia e fisiologia, passando pela cozinha, e é normalmente dado como exemplo do espírito renascentista: um espírito amplo, vasto, curioso, crítico, onde artes, filosofia e ciência ainda não se separaram, mas onde o humanismo clássico se individualiza e se recusa as “trevas” medievais.

E claro que à luz do nosso tempo conseguimos ver que as trevas medievais não são um apanágio da Idade Média, mas uma das constantes deste mundo que de vez em quando se corporificam em movimentos como a inquisição, o nazismo e as actuais manifestações de eliminação em massa de comunidades, como acontece em África, como aconteceu muito recentemente na Europa, aqui a não muitos milhares de quilómetros. É a presença da sombra que sempre nos tem acompanhado ao longo do nosso percurso.

Por isso Leonardo recusa, na ciência, qualquer tipo de autoridade prévia ou todo o pensamento apenas baseado no temor ou reverência ao poder de alguns. Isto não impede que um pouco mais tarde Copérnico e Galileu venham a ter problemas por causa da sua verificação da natureza heliocêntrica do nosso mundo. Eram as trevas. No entanto a luz move-se, pelo meio de paradoxos como aquele de que a própria razão que no tempo de Leonardo é uma luz no mundo, vem mais tarde a tornar-se, ela própria, porque desgovernada, porque incompleta, porque totalitária, num momento em que já era preciso caminhar para novas visões, um factor de obscurantismo.

No século XIV, como se lê em O Nome da Rosa, não era escandaloso que um abade, perante uma cidade suspeita de heresia, respondesse sobre o que fazer aos seus cidadãos: “Matai-os a todos, Deus reconhecerá os seus”. Hoje já não se diz desta forma, mas vai-se fazendo: em nome de Deus, em nome do território, em nome de raças, em nome do petróleo, em nome sempre de um qualquer medo.

E no entanto aquele glorioso e nu Homem de Vitrúvio foi desenhado há cinco séculos.

Leonardo pintou este ser sobre madeira. Há quem pinte sobre tela, sobre papel, sobre tecido, paredes, portas. Eu vi recentemente um homem de Vitrúvio em tamanho natural, isto é, à medida do corpo humano, impresso sobre seda. É um homem que voa com o ar. Bem precisamos dele, neste mundo difícil e paradoxal.

Para nos salvarmos precisamos de todos os elementos bem equilibrados, assim bem tratando a terra dos corpos, com o rigor da geometria atravessando de traços infinitos a nossa ética, com a leveza do ar e o fogo do amor secando o excesso de água das emoções, mas não as eliminando. Apenas equilibrando, como o Homem de Vitrúvio, um modelo do equilíbrio, apesar do movimento num círculo, de leveza e elevação, mesmo não tendo asas, de humanidade, na sua honesta nudez, de fogo aceso na nossa consciência, século, sobre século, sobre século. Enquanto precisarmos dele como memória de um propósito, por vezes esquecido.

Ofereço esta pequena reflexão como agradecimento àquele que do fundo dos séculos teve a generosidade de trazer até nós esta estrela humana, a recordar-nos que antes de sermos estrelas teremos de ser humanos e nus olhando o rosto desmaquilhado da verdade.

(in: www.unicepe.com)

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Já que falamos de "mar"...

... e a propósito d'Os Lusíadas:



[...] Ninguém contava, todavia, que a tempestade viesse tão brava. Durante horas o Maria Eduarda foi sacudido entre vales, montanhas e túneis líquidos e mesmo a marinhagem mais afeita aos mares do estreito cuidava ser aquela a última tempestade que via e evocava instintivamente as velhas orações da infância. O Comandante Passanha não se deixou impressionar. Tinha já visto muito mundo, a sua vida estava recheada de contenciosos com a natureza e não era uma samatra vulgar que lhe ia aquentar o sangue-frio. Tanto mais que tinha confiança no navio, lenho rijo, de boas madeirras, há pouco querenado nos estaleiros de Viana. Assim se fez amarrar à roda do leme, logo aos primeiros rompantes do vento, e decidiu dar tino à marujada, porque o cumprimento rigorosos das ordens, mesmo inúteis, é boa cura para o medo e a desesperança. Os homens do mar - sabia-o o capitão - têm de ter sempre que fazer, em quaisquer circunstâncias, ou é mais que certo sair dislate. [...]

in
CARVALHO, Mário de. O Capitão Passanha. Lisboa. Expo 98. 1997

(Este livro (e esta colecção: 89 mares) existe no Centro de Recursos)

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Relatório da aula de Português da turma do 12º K do dia 25 de Setembro de 2007

Efeméride: 24 de Setembro: Dia Mundial do Mar

Faltaram os alunos: Alexandre Rodrigues; Andreia Silva; Irina; Miguel; Rui Pedro e Vítor.

A professora iniciou a aula relembrando as tarefas incumbidas aos respectivos alunos, recordando a necessidade de nomear os seus substitutos, em caso de ausência na aula.
De seguida, fez circular a planta da sala, onde ficou definido o lugar de cada aluno.
A professora fez referência ao regulamento interno da escola (Cap. III- Comunidade Escolar; art. 23º Alunos: entre as páginas 24 e 27), relativamente à assiduidade e justificação das faltas.

Para esclarecimento da turma, a professora apresentou-nos um modelo de relatório, para que nos possamos orientar.

Foram definidos os grupos de trabalho para a apresentação dos temas nas próximas aulas, que nos foram fornecidos pela professora na aula anterior.

As datas das apresentações são:

Dia 18 de Outubro – Renascimento, Classicismo, Humanismo;
Dia 6 de Novembro – Conceitos da narrativa, lírica e épica; Sebastianismo e Quinto Império;
Dia 13 de Novembro – A geração de Orpheu; Modernismo e os seus “ismos”.

Foram mencionados os temas para os trabalhos individuais que deverão ser entregues à professora na semana de 3 a 7 de Dezembro e as apresentações deverão ser efectuadas de 10 a 14 de Dezembro. Apenas na próxima aula, os alunos comunicam quais os temas escolhidos.

Os temas propostos são:

- A revista Orpheu e os modernistas; como entender hoje o que representou então este gesto radical? - Fernando Pessoa e a cidade- ecos dos passos do poeta; transparências do seu olhar.- A simbologia na Mensagem; que representa hoje para nós?- O(s) herói(s) d'Os Lusíadas e sua actualidade; que ecos persistem hoje deste heroísmo na literatura e na vida?- Os Lusíadas: história narrada, cantada, evocada, sugerida, descrita, inventada, recontada, deformada? Como seriam Os Lusíadas de hoje?- Reflexos de Camões em Pessoa? Os Lusíadas espelhados na Mensagem? Onde? Como?- Fernando Pessoa: desmascarar o poeta - onde acaba a realidade? Que há para lá do fingimento? Qual a máscara? Qual o rosto?- Nacionalismo e/ou Universalismo? Onde? Como? E hoje, que ficou disso?

A professora fez referência ao facto de que o trabalho deve incluir texto original dos alunos, com reflexões pessoais e que ainda poderemos enriquecê-los com imagens (de preferência elaborados pelo autor/a) e sons relacionados com os temas. O trabalho poderá ser apresentado em papel, acetato, vídeo, power – point, entre outros, e deverá ainda ter um título pessoal.


A propósito da efeméride e do tema da aula, foi lida a estrofe 20, do canto V de Os Lusíadas.

«Ia-se pouco e pouco acrecentandoE mais que um largo masto se engrossava;Aqui se estreita, aqui se alarga, quandoOs golpes grandes de água em si chupava;Estava-se co as ondas ondeando;Em cima dele hüa nuvem se espessava,Fazendo-se maior, mais carregada,Co cargo grande d'água em si tomada."

Por fim a professora leu-nos uma crónica da sua autoria, baseada no verso “Estava-se co as ondas ondeando” da estrofe referida anteriormente, onde realça a beleza e o encanto dos Os Lusíadas
Sara Nunes Nº 22

sábado, 13 de outubro de 2007

Efemérides da aula de 10 de Outubro

Aula de 10 de Outubro

9 - Outubro - 1261

Nasceu D. Dinis

9 - Outubro - 1893
Nasceu Mário de Andrade, escritor e idealizaador da Semana de Arte Moderna

11 - Outubro - 1971
Início da gravação das Cantigas do Maio, de José Afonso, em Paris.

9 - Outubro - 1972
Exposação cubista em Paris

8 - Outubro - 1998
José Saramago recebe o Prémio Nobel da Literatura

9 - Outubro - 1999
Morreu João Cabral de Mello e Neto, poeta e diplomata brasileiro, nascido em 1920

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Diário da Aula do dia 11 de Outubro de 2007

Diário 11/10/2007



A aula hoje começou de maneira um pouco diferente, no quadro a “stora” apenas escreveu as efemérides que trouxe e não houve leitura de excertos nem a calma que costuma ser no início das aulas de Português. Hoje a “stora” respondeu às críticas feitas na aula passada sobre as suas aulas e em especial ao cumprimento do programa. Levámos uma boca bem merecida porque não faz sentido criticar e não dar o exemplo, isto é, se não chegamos a horas às aulas também não podemos refilar porque perdemos muito tempo em leituras de diários e relatórios (embora não me apeteça muito escrever este diário e rezo para que o dia do relatório na minha vez não chegue tão depressa). Não acho os sumários de grande importância para mim e gostei da despreocupação da “stora” com os mesmos. O resto da aula passou-se bem, estivemos a preparar os trabalhos de grupo e deu para dar um grande avanço, mas o meu grupo ainda vai ter de se encontrar fora das aulas para trabalhar nisso. Ainda não tocou, mas já estamos a sair um pouco mais cedo, o que sabe sempre bem =)

Augusto Nº 7 12ºK

Diário de aula

No dia 3 de Outubro, mais uma vez estive muma aula de Português. Das efemérides escritas na aula, gostei particularmente da efeméride do Dia Mundial da Música, porque a música é uma "arte" de que eu também gosto bastante. No início da aula reparei também nos diversos atrasos dos meus colegas, o que já podemos considerar praticamente normal. Mas às vezes há sempre outros motivos, e não a falta de vontade de ir para a aula.




Ruben Santos nº 21 - 12ºI

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Diário da Aula do Dia 27 de Setembro de 2007

Começámos a aula do dia 27 de Setembro ouvindo o relatório da aula do dia 25, pela Sara. À medida que ela ia relatando os acontecimentos, eu ia acompanhando, pois tinha faltado nessa aula.
Escrevemos as Efemérides no quadro, duas escritas pela Ana Santos e duas pela professora.
De seguida escolhi o tema para o meu trabalho individual, que é sobre a Revista Orpheu e os modernistas, isto é, como entender hoje o que representou este gesto radical.
A professora leu-nos um excerto do Memorial do Convento, de José Saramago e, até quase ao fim da aula leu-nos textos sobre o Renascimento, que se encontram no Manual, fazendo-nos sínteses acerca da poesia desde a Idade Média até ao Renascimento.
Já mesmo no fim da aula, a Ana Santos apresentou à turma o seu Diário e tal como ela, desejo boa sorte ao proximo autor.


Alexandre Rodrigues
Nº 1 / 12ºK

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A propósito de D. Dinis

O PLANTADOR DE NAUS A HAVER

PESSOA, Fernando. Mensagem

O rei trovador que mandou plantar o extenso pinhal de Leiria cujas árvores viriam a dar corpo às caravelas, as quais iriam unir continentes, tornar conhecido o desconhecido. O mundo não voltaria a ser o mesmo. Do teocentrismo ao antropocentrismo, o início do saber ancorado na experiência, a possibilidade do surgimento do pensamento científico e do Humanismo.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Relatório 2/10/07‏

Relatório da aula de Português da turma do 12º K do dia 2 de Outubro de 2007.

• Efeméride da professora: 1 de Outubro- Dia mundial da Música e da Árvore

• Efeméride da Ana Maria nº3: 2 de Outubro de 1968- A polícia mexicana disparou sobre 15 mil estudantes.
3 de Outubro de 1733- Nasceu Pina Manique (fundador da Casa Pia).

Faltou: Irina

A professora deu início à aula explicando aos alunos que as efemérides são usadas para relacionar acontecimentos que se estão a comemorar no dia-a-dia, com o programa de Português. Após este esclarecimento foram também tratados alguns assuntos da direcção de turma como a entrega dos papéis do horário de atendimento e as faltas.
Foi-nos ainda dito que vai ser feita uma aula, com data ainda a anunciar, para preparar o trabalho de grupo. Este deverá ter conteúdo para uma aula de 45 minutos e deve ainda ter uma ficha de avaliação com 4 ou 5 perguntas variadas (pequeno texto, definições, escolha múltipla).

De seguida a professora leu o poema XIV de Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa) da página 181 do manual, a propósito do dia mundial da música, de onde salientou a atitude poética dos seguintes versos:

“Falta-me a simplicidade divina de ser todo o sol do meu exterior.”

“Comovo-me como a água que corre quando o chão é inclinado.”

Leu ainda cinco pequenos poemas do livro de Bertolt Brecht (BRECHT, Bertolt. Poemas e Canções. Coimbra. Editora Almedina. 1975) referentes às efemérides trazidas pela Ana Maria, intitulados:

“Trepar às árvores”
“Os grandes” (crítica social)
“General, o teu tanque é um carro forte” (crítica social)
“Em tempo de escuridão”
“Quando toca a marchar, muitos não sabem”

Deu ainda o exemplo de como um poema pode ter apenas um verso, com o poema italiano de Giuseppe Ungaretti: “M’illumino d’imenso”.


Finalmente a professora continuou a ler o texto “Portugal no tempo de Camões” iniciado na aula anterior, da página 18 e 19 do manual. Este texto descrevia o contexto económico e político em Portugal no século XVI, as suas crises, perseguições e o absolutismo.
Após a leitura foi-nos dada a referência dos textos das páginas 20,21,22 e 23 para estudar. Estivemos ainda a rever a estrutura externa e interna e os três modos literários.
Já no final da aula escrevemos os sumários em atraso à excepção da lição nº4 e nº5.


Mónica Santos 12ºK nº19

Efemérides

8 de Outubro- José Saramago recebe o Nobel da Literatura

"Discurso na Academia Sueca
(ao receber o Prémio Nobel de Literatura)
José Saramago

O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. As quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo.

Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom carácter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável.
Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que acionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado. E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: "José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira". Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira.

Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava... No meio da paz noturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia. Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava. Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: "E depois?". Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas.

Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo. Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa. Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranqüilizava: "Não faças caso, em sonhos não há firmeza".

Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprios filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.
[...]

9 de Outubro de 1261- Nasce D. Dinis

Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?

(...)

D. Dinis

11 de Outubro de 1972- Início da gravação, em Paris, das Cantigas do Maio, de José Afonso

O mais histórico e o mais referencial de todos os discos da música popular portuguesa. Gravado no Strawberry Studio, de Michel Magne, em Herouville (França), entre 11 de Outubro e 4 de Novembro de 1971, com arranjos e direcção musical a cargo de José Mário Branco, este disco assinala a primeira viragem de fundo na revolução musical iniciada por Zeca uma dúzia de anos antes. O tratamento instrumental de cada tema, a beleza poética e a subversão temática atingem, aqui, um nível nunca anteriormente possível. E, uma vez mais, Zeca recusa a facilidade, incluindo canções onde o surreal é já assumido na sua totalidade (para desespero da direita e de uma certa esquerda, que insistia na necessidade de uma 'definição clara' de Zeca, à luz do 'socialismo científico') como Ronda das mafarricas ou Senhor arcanjo, a par de belíssimos temas de inspiração popular, como Maio, maduro Maio, A mulher da erva ou Cantigas do Maio e de óbvios cantos de resistência, como o Cantar alentejano, dedicado a Cataria Eufémia, camponesa assassinada pela GNR, ou Coro da Primavera. Gravado num tempo recorde e contando apenas com as participações de meia dúzia de músicos (Carios Correia, Michel Delaporte, Christian Padovan, Tony Branis, Jacques Granier e Francisco Fanhais, além de, naturalmente, José Mário Branco e Zeca), este disco seria considerado, em 1978, como o melhor de sempre da música popular portuguesa, numa votação organizada pelo Sete que contou com a participação de 25 críticos e jornalistas. Um tema, no entanto, bastaria para fazer de Cantigas do Maio um marco da história portuguesa: Grândola vila morena, escolhida em 1974 como senha para o arranque do Movimento dos Capitães, que em 25 de Abril derrubou a ditadura fascista. Viriato Teles

1 - Senhor Arcanjo (José Afonso)
2 - Cantigas do Maio (Quadra popular/José Afonso)
3 - Milho Verde (popular/arr. José Mário Branco)
4 - Cantar Alentejano (José Afonso)
5 - Grândola, Vila Morena (José Afonso)
6 - Maio Maduro Maio (José Afonso)
7 - Mulher da Erva (José Afonso)
8 - Ronda das Mafarricas (António Quadros/José Afonso)
9 - Coro da Primavera (José Afonso)

01 - Senhor Arcanjo
(José Afonso)

Senhor arcanjo
Vamos jantar
Caem os anjos
Num alguidar

Hibernam tíbias
Suspiram rãs
Comem orquídeas
Nas barbacãs

Entra na porta
Menina-faia
Prova uma torta
Desta papaia

Palita os dentes
Põe-te a cavar
Dormem videntes
No Ultramar

Que bela fita
Que bem não está
A prima Bia
De tafetá

E vai o lente
Come um repolho
Parte-se um pente
Fura-se um olho

A pacotilha
Tem mais amor
À gargantilha
Do regedor

Põe a gravata
Menino bem
Que essa cantata
Não soa bem

Senhor arcanjo
Vamos jantar
Caem os anjos
Num alguidar

E as quatro filhas
Do marajá
Vão de patilhas
Beber o chá

02 - Cantigas do Maio
(Refrão popular/José Afonso)

Eu fui ver a minha amada
Lá p'rós baixos dum jardim
Dei-lhe uma rosa encarnada
Para se lembrar de mim

Eu fui ver o meu benzinho
Lá p'rós lados dum passal
Dei-lhe o meu lenço de linho
Que é do mais fino bragal

Minha mãe quando eu morrer
Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou

Eu fui ver uma donzela
Numa barquinha a dormir
Dei-lhe uma colcha de seda
Para nela se cobrir

Eu fui ver uma solteira
Numa salinha a fiar
Dei-lhe uma rosa vermelha
Para de mim se encantar

Minha mãe quando eu morrer
Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou

Eu fui ver a minha amada
Lá nos campos eu fui ver
Dei-lhe uma rosa encarnada
Para de mim se prender

Verdes prados, verdes campos
Onde está minha paixão
As andorinhas não param
Umas voltam outras não

Minha mãe quando eu morrer
Ai chore por quem muito amargou
Para então dizer ao mundo
Ai Deus mo deu Ai Deus mo levou

03 - Milho Verde
(popular/arr. José Mário Branco)

Milho verde, milho verde
Ai milho verde maçaroca
À sombra do milho verde
Ai, namorei uma cachopa

Milho verde, milho verde
Milho verde miudinho
À sombra do milho verde
Namorei um rapazinho

Milho verde, milho verde
Milho verde folha larga
À sombra do milho verde
Namorei uma casada

Milho verde, milho verde
Mondai o meu milho bem
Não olheis para o caminho
Que a merenda já lá vem

04 - Cantar Alentejano
(José Afonso)

Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p'ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas p'ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar

05 - Grândola, Vila Morena
(José Afonso)

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

06 - Maio, Maduro Maio
(José Afonso)

Maio maduro Maio, quem te pintou?
Quem te quebrou o encanto, nunca te amou.
Raiava o sol já no Sul.
E uma falua vinha lá de Istambul.

Sempre depois da sesta chamando as flores.
Era o dia da festa Maio de amores.
Era o dia de cantar.
E uma falua andava ao longe a varar.

Maio com meu amigo quem dera já.
Sempre no mês do trigo se cantará.
Qu’importa a fúria do mar.
Que a voz não te esmoreça vamos lutar.

Numa rua comprida El-rei pastor.
Vende o soro da vida que mata a dor.
Anda ver, Maio nasceu.
Que a voz não te esmoreça a turba rompeu.

07 - Mulher da Erva
(José Afonso)

Velha da terra morena
Pensa que é já lua cheia
Vela que a onda condena
Feita em pedaços na areia

Saia rota subindo a estrada
Inda a noite rompendo vem
A mulher pega na braçada
De erva fresca supremo bem

Canta a rola numa ramada
Pela estrada vai a mulher
Meu senhor nesta caminhada
Nem m'alembra do amanhecer

Há quem viva sem dar por nada
Há quem morra sem tal saber
Velha ardida velha queimada
Vende a fruta se queres comer

A noitinha a mulher alcança
Quem lhe compra do seu manjar
Para dar à cabrinha mansa
Erva fresca da cor do mar

Na calçada uma mancha negra
Cobriu tudo e ali ficou
Anda, velha da saia preta
Flor que ao vento no chão tombou

No Inverno terás fartura
Da erva fora supremo bem
Canta rola tua amargura
Manhã moça nunca mais vem.

08 - Ronda das Mafarricas
(António Quadros (pintor)/José Afonso)

Estavam todas juntas
Quatrocentas bruxas
À espera À espera
À espera da lua cheia

Estavam todas juntas
Veio um chibo velho
Dançar no adro
Alguém morreu

Arlindo coveiro
Com a tua marreca
Leva-me primeiro
Para a cova aberta

Arlindo Arlindo
Bailador das fadas
Vai ao pé coxinho
Cava-me a morada

Arlindo coveiro
Cava-me a morada
Fecha-me o jazigo
Quero campa rasa

Arlindo Arlindo
Bailador das fadas
Vai ao pé coxinho
Cava-me a morada

09 - Coro da Primavera
(José Afonso)

Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu

Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu

Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão

Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar

E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor

Venham enlaçdas
De mãos dadas
Semear o amor

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

Venha a maré cheia
Duma ideia
P'ra nos empurrar

Só um pensamento
No momento
P'ra nos despertar

Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão

Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão

Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores

MUDANÇAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

A partir de Janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, CaboVerde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e TimorLeste - terão a ortografia unificada.
O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. A sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada.
Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país. O que vai mudar na ortografia em 2008:
- mudam-se as normas para o uso do hífen no meio das palavras; este vai desaparecer do meio de palavras, com excepção daquelas em que o prefixo termina em `r´, casos de "hiper-", inter-" e "super-". Assim passaremos a ter "extraescolar", "aeroespascial" e "autoestrada".
- Não se usará o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do substantivo dos verbo "crer", "dar", "ler","ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem";

- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de "k", "w" e "y";
- O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição);
- No Brasil, haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia;
- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo;
- Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido";
- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus;

domingo, 7 de outubro de 2007

Efemérides da aula de 3 de Outubro

Aula de 3 de Outubro

1 - Outubro
Dia Mundial de Árvore
Dia Mundial da Música

2 - Outubro - 1869
Nasceu o pacifista indiano Mahatma Ghandi












Mahatma Ghandi


3 - Outubro - 1226

Morre S. Francisco de Assis

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Diário da aula de 3 de Outubro de 2007

“[...]Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
[...]”

A Caeiro


Hoje, aconteceu qualquer coisa numa aula quando alguém recebeu uma notícia muito triste. Os outros alunos, que estavam ainda um bocadinho dispersos (foi ao princípio e eu mostrava-me algo aborrecida porque não paravam de entrar "às pinguinhas"), ficaram estranhamente centrados e nesse momento fosse o que fosse que eu lhes dissesse (disse muito pouco, preferi que o silêncio se fizesse ouvir) entrava-lhes directamente no coração.

Estávamos a ler um poema de Alberto Caeiro que praticamente falava daquilo. A poesia, quando o é, mesmo quando parece referir-se a banalidades, fala sempre das coisas essenciais. Este poema falou mais do que qualquer discurso meu. Posso estar enganada, mas penso que pelo menos por momentos perceberam o que é ou o que pode ser a poesia, para além das metáforas e das antíteses e das aliterações: uma imensa verdade silenciosa a meio caminho entre o ruído da fala e o milagroso cintilar do silêncio.

Risoleta

terça-feira, 2 de outubro de 2007

1 de Outubro, dia Mundial da Árvore e da Música



Imagem de:
http://1.bp.blogspot.com/_xnH3UyX4R1Q/RwJrzhh2jZI/AAAAAAAAAFM/5TeyBMG43q4/s320/%C3%A1rvores.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5116770659564162450

Poema XIV de "O Guardador de Rebanhos"

"Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior

Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se vento..."

Alberto Caeiro

TREPAR ÀS ÁRVORES

Quando à noitinha sairdes do banho -
Pois tendes de estar nus, e a pele macia -
Subi ainda então às vossas grandes árvores
Com crisa branda. E que o céu esteja também claro.
Escolhei árvores grandes que à noitinha são negras
e baloiçam os cumes devagar. Esperai
Pela noite entre a folhagem, e que haja
Em roda da cabeça pesadelos e morcegos.
[...]

BRECHT, Bertolt. Poemas e Canções. Coimbra. Livraria Almedina. 1975


Imagem de: http://1.bp.blogspot.com/_xnH3UyX4R1Q/RwJsEhh2jaI/AAAAAAAAAFU/dGDGmsvz8Ok/s320/m%C3%BAsica2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5116770951621938594


"Sofres?
Respira.
Não há outra lira."

José Gomes Ferreira (n. Porto 1900, m. Lisboa 1985)



"Quando soam as cordas
do seu instrumento,
doces e suaves,
então dissolvem-se as dores de quem sofre."

Da epopeia dos Nibelungos (c. 1200)