sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Relatório da aula de português do dia 14 de Novembro de 2007

Pelas 8:45 min começava mais uma aula de português com a leitura do relatório da aula anterior feita pela Susana; em seguida a professora entregou os papéis com os pedidos de autorização da visita de estudo a realizar à Baixa no próximo dia 21.

Seguiu-se a apresentação dos dois trabalhos de grupo e os respectivos testes. O primeiro trabalho foi apresentado pela Maria Teixeira, pela Paula, pela Susana e pela Teresa, tendo como tema a revista Orpheu. Falava do modernismo, que foi um movimento estético que surgiu no séc. XX, com as seguintes características: ruptura com a tradição e as forças conservadoras; redescoberta do mundo, da vida e do indivíduo; experimenta linguagens estéticas inovadoras; cada artista procura o seu caminho pessoal (gosto pela originalidade); diversidade e pluralidade; temática mais particular (interior do homem e não o exterior): preferência pelo dinamismo, irracionalismo e imprevisível. As principais vanguardas europeias deste movimento foram o cubismo, o futurismo, o dadaismo e o surrealismo. Em Portugal, o modernismo surge com a publicação da revista Orpheu, uma publicação feita por artistas, dedicada à literatura e às artes plásticas. Da publicação desta revista fazem parte artistas como Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros, Amadeo de Souza Cardoso e Santa Rita. O nome da publicação acaba por designar o grupo de artistas que se aliam neste espírito modernista. Uma geração irreverente, que escandaliza e agita uma sociedade passiva e antiquada. Orpheu era uma figura mitológica, era músico, vê raptada a sua mulher e tem de ir ao inferno buscá-la. No regresso nunca poderia olhar para trás, este é o espírito modernista que renuncia o passado, olhando sempre em frente para o futuro. Em seguida realizou-se o teste. O segundo trabalho foi apresentado pela Ana Subtil, pela Inês Alvares, pela Inês Portugal e pela Mafalda, tendo como tema o modernismo e os seus ismos, no qual dizia que o modernismo foi um movimento cultural, surgiu da ruptura dos valores e do mal-estar vivido, os artistas e intelectuais da época repensam assim num novo estilo de vida. A literatura modernista abandona a tradição, adopta novas linguagens, personagens a partir de pessoas comuns. Os principais nomes: T. S. Elliot, Franz Kafka e Fernando Pessoa. A literatura modernista em Portugal é representada por Fernando António Nogueira Pessoa, que nasce a 13 de Junho de 1888, tendo vários heterónimos, como Álvaro de Campos, Alberta Caeiro, Bernardo Soares e Ricardo Reis; em seguida o grupo entregou o teste. No fim da apresentação dos dois trabalhos a professora referiu os aspectos negativos e positivos de cada um. Por fim falámos um pouco da visita de estudo a realizar à Baixa com o objectivo de situar Fernando Pessoa, vida e obra, na cidade; reavivar a poesia de Pessoa em contexto e no tempo; relacionar o modernismo e o pós modernismo, ligação à História da Cultura e das Artes.

Pedro Santos, 12ºI

MATRIZ DO TESTE

Para mais fácil leitura aqui no blogue, esta matriz será de tipo descritivo e não em grelha.
Bom estudo, bom fim-de-semana.
R
O teste terá três grupos; o primeiro grupo incluirá duas perguntas:

- excertos d'Os Lusíadas para ordenar
- excertos d'Os Lusíadas e de Mensagem para identificar

O segundo grupo conterá um poema de Mensagem (um dos não estudados na aula, mas que consta do manual) para interpretação de sentido e análise estilística(as figuras de estilo são as mesmas que constavam da anterior matriz).

O terceiro grupo apresentará vários temas para escolherem um, a propósito do qual desenvolverão um texto expositivo-argumentativo

OBJECTIVOS:
- Conhecer a estrutura sequencial dos principais momentos d'Os Lusíadas
-
Reconhecer o estilo de duas obras com temática afim mas separadas por séculos
- Analisar texto
- Apreciar esteticamente os processos literários
- Reconhecer processos estilísticos
- Avaliar efeitos estéticos
- Analisar, interpretar e justificar
- Desenvolver temas, expor ideias e opiniões, e defendê-las com argumentos.
CONTEÚDOS:
- Sequência narrativa d'Os Lusíadas
-
Conteúdos e estilo da Mensagem
-
Modernismo e seus ismos, rupturas, grupo do Orpheu
- V Império, Sebastianismo, mitos e símbolos no Orpheu e na Mensagem
- Os Lusíadas
: nacionalismo, universalismo
- Monstros, deuses e heróis
- Impacto e símbolo do Velho do Restelo
- Heroísmo e Lágrimas
- Mensagem: Pode uma obra lírica ser épica?
- Epopeia lírica de um Portugal mítico
- O amargo e o doce do amor n'Os Lusíadas
- Canto IX e epopeia
- Os Lusíadas e Mensagem: que relação?

Serão avaliados e valorizados os aspectos:
- adequação às perguntas
- completude das respostas
- rigor no conteúdo
- correcção linguística
- conhecimento dos conteúdos
- reflexão pessoal e crítica e exposição criativa das ideias

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Trabalho de grupo 12º I

Narrativa, Lírica e Épica

(materiais usados na aula “dada” por Maria Galhano, Ana Neto, Mónica e Carol)

Narrativa – O conceito

· A narrativa é um dos três modos literários, ao lado da lírica e do drama.

Categorias da Narrativa

· Narrador – Quem conta a história.

· Acção – Acontecimentos da história.

· Personagens – Quem desempenha a acção.

· Espaço – Onde decorre a acção.

· Tempo – Quando se passa a acção.

Lírica

· Exprime a onda afectiva, emocional e sentimental do sujeito emissor.

· O poeta fala directamente com o leitor.

· Às vezes (nem sempre, e actualmente pouco) a poesia é feita em rimas.

Épica

· Texto poético predominantemente narrativo, dedicado a fenómenos históricos, lendários ou míticos considerados representativos duma cultura em tom grandioso.

Narrativa

Define-se narração como sendo o acto de contar uma história.

O texto narrativo é um relato escrito de acontecimentos ou acções no qual devemos ter em consideração: a história que ele conta e o discurso narrativo que o caracteriza. Assim, a história será o conteúdo do acto narrativo.

O narrativo é normalmente o mais usado dos três grandes modos literários, encontra-se principalmente nos romances, nas novelas, nos contos, nos mitos bem como nas lendas.

A narrativa literária costuma apresentar-se em prosa, mas pode também ser escrita em verso (Epopeia “Os Lusíadas”).

Categorias da Narrativa

Narrador – “Quem conta a História”.

Pode estar presente ou ausente, da acção narrada, isto quer dizer que pode ser um narrador participante ou não participante.

Pode ser objectivo ou imparcial, o que quer que é um narrador que não expressa a sua opinião nem faz comentários pessoais sobre o que conta, ou pode ser subjectivo ou parcial isto é, um narrador que dá a sua opinião e que faz comentários pessoais sobre o que conta.

Pode revelar um conhecimento sem limites, dando todas as informações, pormenorizando a história, ou pode revelar um conhecimento limitado, dando menor quantidade de informação sobre a história.

Acção – “Acontecimentos da História”

Momentos determinantes, a situação inicial, as peripécias, o ponto culminante e o desfecho ou desenlace, sendo possível distinguir os acontecimentos principais dos acontecimentos secundários.

Os acontecimentos podem ser ordenados de acordo com a sua sucessão na história – Ordem Real – ou ordenados pela ordem que o narrador decide contá-los – Ordem Textual

Pode ser uma acção aberta se permitir ao leitor imaginar a continuação da história, ou uma acção fechada, dando uma conclusão definida à história.

Personagens – “Quem desempenha a acção”

Personagem principal ou protagonista é quem desempenha o papel mais importante, personagens secundárias, são as que têm um papel menos destacado e os figurantes não têm papel específico, contribuem apenas para a criação de ambientes.

Podem ser caracterizados fisicamente pelo seu aspecto exterior, ou psicologicamente pelos seus sentimentos ou comportamentos.

Espaço – “Onde se passa a acção”

Pode ser descrito com maior ou menor detalhe, servindo-se o narrador de adjectivos ou expressões equivalentes, para caracterizar os seus diversos aspectos, de substantivos, para enumerar, do pretérito imperfeito e dos articuladores de lugar, expressões que guiam o leitor através do espaço descrito, localizando tais aspectos.

Tempo – “Quando se passa a acção”

Permite saber quando se passa a acção e a ordem dos acontecimentos, que fazem parte dessa acção, onde o narrador se serve dos articuladores de tempo, expressões que permitem ao leitor aperceber-se da sucessão desses mesmos acontecimentos. Pode ser identificado como tempo cronológico, quando são dadas ao leitor marcas da sua passagem, ou como tempo histórico, quando as suas marcas permitem saber qual a época histórica em que se forma a acção.

Lírica

A poesia lírica é uma forma de poesia que surgiu na Grécia Antiga, e originalmente era acompanhada a lira, daí a poesia lírica. O poeta fala directamente ao leitor, representando os sentimentos, estado de espírito e percepções dele ou dela.

A maioria da poesia lírica é feita em rimas, embora como em toda regra, existam excepções.

Feita para ser cantada ou acompanhada de flauta e lira (daí o lírica).

Épica

Designação de origem grega para o género literário também chamado epopeia, poesia épica, ou poesia heróica, que denota um texto poético, predominantemente narrativo, dedicado a fenómenos históricos, lendários ou míticos considerados representativos duma cultura. O vocábulo pode igualmente estender-se a um conjunto de acontecimentos históricos percorridos por um determinado “ambiente” mitificador.

. A epopeia eterniza lendas seculares e tradições ancestrais, preservadas ao longo dos tempos pela tradição oral ou escrita. Os primeiros grandes modelos ocidentais de epopeia são os poemas homéricos a Ilíada e a Odisseia, os quais têm a sua origem nas lendas sobre a guerra de Tróia.

Lusíadas - o tom épico na exaltação dos feitos dos navegadores e guerreiros

As armas e os barões assinalados,

Que da ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca de antes navegados,

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados,

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

Um poema épico ou epopeia é um poema heróico narrativo extenso, uma colecção de feitos, de factos históricos, de um ou de vários indivíduos reais, lendários ou mitológicos. A epopeia eterniza lendas seculares e tradições ancestrais, preservadas ao longo dos tempos pela tradição oral ou escrita. Os primeiros grandes modelos ocidentais de epopeia são os poemas homéricos a Ilíada e a Odisseia, os quais têm a sua origem nas lendas sobre a guerra de Tróia. A epopeia pertence ao género épico, mas embora tenha fundamentos históricos, não representa os acontecimentos com fidelidade, geralmente reveste os acontecimentos relatados com conceitos morais e actos exemplares que funcionam como moldes de comportamento.

«poeta épico, sem se opor à verdade histórica, embeleza-a com artifícios poéticos»,

Teste

1 – Quais são os três modos Literários?

a) Narrativa, Romance e Épica.

b) Narrativa, Lírica e Épica.

c) Narrativa, Lírica e Drama.

2 – Enumera as Categorias da Narrativa.

3 – Define Lírica.

4 – Por que se considera que Os Lusíadas têm um tom épico?

Relatório de dia 2 de Novembro

A efeméride escrita no quadro pela professora foi "2 de Novembro de 1877 : nascimento de Teixeira Pascoares".

No início da aula a Inês Portugal leu o relatório referente à aula passada.

Após a leitura do relatório a professora relembrou os temas dos trabalhos individuais a entregar entre os dias 3 a 7 de Dezembro.

De seguida a Sofia leu o diário da aula passada.

A leitura da história do "Capitão Passanha", foi finalizada esta aula, história essa que já durava há algumas aulas.

Depois da leitura continuámos o estudo d'Os Lusíadas terminando o episódio de "Inês de Castro". Nesse mesmo episódio a professora pediu-nos para fazer um exercício de leitura entre as estrofes 126 a 129.

Depois finalizamos a aula com a leitura de outros dois episódios d' Os Lusíadas: o da "Batalha de Aljubarrota" e o das "Despedidas de Belém".

Ruben Santos nº 21 12ºI


domingo, 25 de novembro de 2007

LARGO DE S. CARLOS


A porta que dava acesso ao prédio é agora uma fotografia em tamanho natural.


"Concretizo mais, agora comigo. Nunca senti saudades da infância; nunca senti, em verdade, saudades de nada. [...] O mais são atitudes literárias, sentidas intensamente por instinto dramático, quer as assine Álvaro de Campos quer as assine Fernando Pessoa. São suficientemente representadas, no tom e na verdade, por aquele meu poema que começa: “O sino da minha aldeia...”. O sino da minha aldeia, Gaspar Simões, é o da Igreja dos Mártires, ali no Chiado. A aldeia em que nasci foi o Largo de S. Carlos, hoje do Directório "(Obras em prosa, p. 65).

Carta a João Gaspar Simões (11-12-1931)


“A aldeia em que eu nasci foi o Largo de São Carlos, hoje do Directório, e a casa onde nasci foi aquela onde mais tarde (no segundo andar; eu nasci no quarto) haveria de instalar-se o Directório Republicano.

(Nota: a casa estava condenada a ser célebre, mas oxalá o quarto andar dê mais resultado que o segundo).” Carta a João Gaspar Simões, de onze de Dezembro de 1931.


O Teatro Nacional de S. Carlos é um edifício de arquitectura neoclássica, inspirado no modelo dos teatros italianos. No seu interior, encontra-se uma sala com cinco ordens de camarotes e um salão nobre ao melhor estilo rococó. O acesso faz-se através de uma escadaria de singular pujança decorativa. O Pai de F Pessoa foi crítico musical.

O maestro sacode a batuta,
A lânguida e triste a música rompe ...

Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com, uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo ...

Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)

Atiro-a de encontra à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo. e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos ...

Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...

E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há árvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde a comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

F Pessoa, 1913



Bernardo lê:

O segundo momento do percurso pela primeira infância de Pessoa leva-nos ao Largo de S. Carlos. Foi aqui, no prédio defronte do Teatro Nacional de São Carlos, que o poeta nasceu. “A aldeia em que nasci foi o Largo de S. Carlos”.

Ó sino da minha aldeia
Dolente na tarde calma
Cada tua badalada
Soa dentro de minh'alma
e é tão lento o teu soar
Tão como triste da vida
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida

Por mais que me tanjas perto
Quando passo sempre errante
És para mim como um sonho
Soas-me na alma distante
A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto
Sinto mais longe o passado
Sinto a saudade mais perto

Fernando Pessoa

Foi aqui, no nº 4, 4º esq, que nasceu:

Igreja dos Mártires


Tradução em língua gestual










IGREJA DOS MÁRTIRES

Entre o Largo de S. Carlos e a Brasileira encontra--se a Igreja dos Mártires, com fachada virada para a Rua Garrett. Foi nesta igreja que Fernando Pessoa foi baptizado. Daí, escrever numa carta a um amigo que “o sino da minha aldeia é o da Igreja dos Mártires”.
O baixo relevo do portal da Igreja dos Mártires e o próprio nome reconstituem a conquista de Lisboa, em 1147. O nome também. Neste local existiu outrora um cemitério, onde foram sepultados os soldados mortos no assalto à cidade. Caídos em batalha, ficaram conhecidos como mártires, porque o confronto entre cristãos e muçulmanos também tinha um carácter religioso. A igreja actual, onde Pessoa foi baptizado é posterior, edificada entre 1765 e 1784. Mas herdou o nome que D. Afonso Henriques escolheu para a paróquia dos Mártires. A fachada principal da igreja ficou como testemunho do início da era cristã de Lisboa,
podendo-se ver o fundador de Portugal em agradecimento à Virgem Maria pela vitória.

Largo do Carmo: entre 1808 e 1912 mora sozinho numa quarto alugado

No ferro forjado
"Art nouveau" e "Art déco", lado a ladoLição de História da Cultura e das Artes:
Entre o Convento do Carmo e o número 18, 1º andar esq:

LARGO DO CARMO

Lido por Teresa e Maria:

(de 1908 a 1912 mora sozinho num quarto alugado no nº 18, 1º esq

o que diz BERNARDO SOARES:

“Não é nos largos campos ou nos jardins grandes que vejo chegar a primavera. É nas poucas árvores pobres de um largo pequeno da cidade. Ali a verdura destaca como uma dádiva e é alegre como uma boa tristeza.
Amo esses largos solitários, intercalados entre ruas de pouco trânsito, e eles mesmos sem mais trânsito que as ruas. São clareiras inúteis, coisas que esperam, entre tumultos longínquos. São de aldeia na cidade.
Passo por eles, subo qualquer das ruas afluentes, depois desço de novo essa rua, para a ele(s) regressar. Visto do outro lado é diferente, mas a mesma paz deixa dourar de saudade súbita - sol no ocaso - o lado que não vira na ida.
Tudo é inútil, e eu o sinto como tal. Quanto vivi se me esqueceu como se o ouvira distraído. Quanto serei não me lembra como se o tivera vivido e esquecido.
Um ocaso de mágoa leve paira vago em meu torno. Tudo esfria, não porque esfrie, mas porque entrei numa rua estreita e o largo cessou.”
(in "Páginas do livro do Desassossego", 31-05-1932
Brevíssima Portuguesa, Selecção e organização
de Nuno Júdice, Contexto, 1995)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Lisboa em Pessoa- "Oh Lisboa, meu Lar!"


A PROFESSORA MARIA JOSÉ, DE HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES, EXPLICA O CONTEXTO HISTÓRICO DO MODERNISMO E A HISTÓRIA DA BRASILEIRA.

“Na Brasileira falando com Fortunato da Fonseca, Anahory, Corado. Este, não sei se casualmente, repetiu, falando comigo só, a frase do Rosa que ontem me citara. Já me magoou menos.[…]”

De dia nada a fazer nos escritórios do Lavado e do Mayer. Estive na Brasileira com o Gayo, que me esteve. expondo duas peças . Do mesmo pondo, tratado diversamente[…]

(Páginas de um Diário de F. Pessoa)

“Ontem deitei no correio um “Orpheu” para si. Foi só um porque podemos dispor de muito poucos. Deve esgotar-se rapidamente a edição. Foi um triunfo absoluto, especialmente com o reclame que a “Capital” nos fez com uma tareia na primeira página, um artigo de duas colunas. Não lhe mando o jornal porque lhe escrevo á pressa, da Brasileira do Chiado. Para a mala seguinte contarei tudo detalhadamente. Há imenso que contar. Agora tenho tido muito que fazer. Da livraria depositária é que seguirão os exemplares para os assinantes e livrarias de aí. Naturalmente não há números para irem para todos os nomes que V. indica. Vão para alguns. Naturalmente temos que fazer segunda edição. Somos o assunto do dia em Lisboa; sem exagero lho digo. O escândalo é enorme. Somos apontados na rua, e a gente – mesmo extra-literária – fala no “Orpheu”.

Carta a Armando Côrtes- Rodrigues (4-4-1915)

F Pessoa, Diário de 1913

Antes de sairem do café os alunos repararam nas chávenas e no logótipo, que é o mesmo desde 1905, data de fundação. Foi por "esta" chávena que Pessoa bebeu o café. Para além dos turistas, os artistas continuam a manifestar uma preferência especial por este café e pela magia que nele deixaram os do grupo da revista Orpheu. Nas paredes, algumas obras significativas desta geração, nomeadamente o célebre quadro de Almada, grupo com auto-retrato.

Lisboa em Pessoa- "Oh Lisboa, meu Lar!"


EM FRENTE À BRASILEIRA, NO CHIADO, ANA SUBTIL LÊ PARA OS COLEGAS:

«Trovoada
Entre onde havia nuvens paradas, o azul do céu estava sujo de branco transparente.
O moço, ao fundo do escritório, suspende um minuto o cordel à roda do embrulho eterno...
«Como está só me lembra de uma» comenta estatisticamente.
Um silêncio frio. Os sons da rua como que foram cortados à faca. Sentiu-se, prolongadamente, como um mal-estar de tudo, um suspender cósmico da respiração. Para o universo inteiro. Momentos, momentos, momentos. A treva encarvoou-se de silêncio.
Súbito, aço vivo.
Que humano era o toque metálico dos eléctricos! Que paisagem alegre e simples chuva na rua ressuscitada do abismo!

Oh, Lisboa meu lar!»

(Livro do Desassossego: Composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa / Fernando Pessoa)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Olá, espero que estejam a passar um bom domingo. Agradecia que informassem os vossos colegas que só vou conseguir levar os textos da visita de estudo na terça-feira, e que nesse dia podem ir ter comigo aos seguintes locais às seguintes horas:

10.30 às 12: sala 220

12.15-13.45- sala 023

14.45-16.15 sala 207

16.30-17.15- sala de professores, se não tiver aula de substituição; caso não esteja lá, perguntem onde estou

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

“Oh, Lisboa, meu lar!”

ESCOLA SECUNDÁRIA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO 12º Ano, Turmas I; J; K Ano lectivo 2007/2008 Visita de estudo, de 21 DE NOVEMBRO DE 2007

ROTEIRO DA VISITA - UMA LISBOA EM PESSOA:

casas, quartos, escritórios, cafés, ruas, praças, largos miradouros…

“Oh, Lisboa, meu lar!”

I- OBJECTIVOS: Situar Fernando Pessoa, vida e obra, na cidade

Reavivar a poesia de Pessoa em contexto e no tempo

Relacionar modernismo e pós-modernismo (ligação à HCA)

II- ESPAÇOS A VISITAR:

9.00 – Café A Brasileira, no Chiado


Seguindo-se:

- Largo do Carmo, nº 18

- Largo de S. Carlos

. nº 4, 4º esq.

. Teatro de S. Carlos “O maestro sacode a batuta…”

. Igreja dos Mártires “Ó sino da minha aldeia”

- 10.30 Museu do Chiado

. Visita guiada:

“Centre Pompidou Novos Media 1965-2003 apresenta a história do vídeo através de trabalhos históricos de alguns dos mais importantes artistas contemporâneos: de Nam June Paik a Pierre Huyghe, de Samuel Beckett a Stan Douglas, de Valie Export a Dan Graham passando por Bruce Nauman, Chris Marker, Bill Viola ou Douglas Gordon, entre outros. Um total de 19 artistas, de quem se apresentam 23 obras, todas elas pertencentes à colecção de Novos Média do Centre Georges Pompidou.
Comissariada por Christine Van Assche, a exposição é
organizada em quatro núcleos conceptuais – Para uma televisão imaginária; Pesquisas de identidade; Do vídeo à instalação; Pós-cinema –, que contribuem para a explanação de um entendimento da história do vídeo nos últimos quarenta anos, que extravasa os parâmetros cronológicos.”

. O grupo que entra mais tarde (às 11.00) e o que sai mais cedo (o das 10.30) aproveita a meia hora de que dispõe para procurar uma obra contemporânea a Pessoa e analisá-la do ponto de vista do modernismo; deve descrever a obra, avaliando se se integra ou não nessa estética e porquê.

- 13.00 Encontro no Miradouro de Santa Catarina (piquenique e convívio até às 13.30)

- 13.30 leitura de textos sobre o Tejo, o Cais e Pessoa, os poemas “Ulisses”, “O Mostrengo” e “D. Sebastião” da Mensagem de F. Pessoa, e excertos do episódio do “Adamastor” d’Os Lusíadas.

14.00 Reinício do percurso pelos seguintes espaços significativos dos passos do poeta:

.Praça Luís de Camões, Rua Nova do Almada, Rua 1º de Dezembro, Restauradores (estação do Rossio), Rossio, Rua da Betesga, Rua dos Fanqueiros, Rua do Ouro, Rua Augusta, Rua da Prata, Rua de S. Julião, Rua da Vitória

. Terreiro do Paço, Café Martinho da Arcada

. Rua do Arsenal, Rua da Alfândega.

III- AVALIAÇÃO:

Em todos estes espaços haverá textos ditos pela professora e pelos vários intervenientes e registo escrito/gravado/fotografado/esboçado do que o aluno achar mais significativo. Destes registos recolhidos em cada sítio, elaborará um relatório crítico pessoal onde incluirá:

- texto próprio documentado com excertos dos poemas e de outros textos lidos e foto ou desenho de pormenores de cada espaço.

Deve também constar deste relatório a tarefa executada no Museu do Chiado.

Como suporte de registo pode optar entre tomar notas, gravação áudio ou vídeo.

- Pontualidade, atitude, interesse, participação, contribuição para boas condições de recepção, durante a visita

- Relatório crítico: fidelidade ao acontecido e aos objectivos, rigor na informação, capacidade de síntese, originalidade Boa visita! R

- Na segunda-feira os alunos terão acesso a todos os textos e poderão assim escolher os que pretendem dizer, a fim de prepararem a leitura, que pode ser individual ou colectiva (grupos de 2, 3, 4, 5 ou mais), com técnicas que temos trabalhado na aula, ou outras.

- Outros espaços “pessoanos” a explorar noutra ocasião pelos alunos, para completarem este percurso (opcional) e os seus relatórios (podem fazê-lo individualmente ou em grupos de 2 ou 3):

Casas:

- Rua Carlos Mardel, 184, 3º

- Rua D. Carlos (hoje avenida), 109

- Rua de S. Bento, 19, 2º

- Rua da Bela Vista à Lapa, 17, 1º

- Rua Passos Manuel, 124, 3º esq

- Rua Pascoal de Melo, 119, 3º dt

- Rua D. Estefânia, 127, r/c dtº

- Rua Almirante Barroso, 12 (quarto contíguo à Leitaria Alentejana, hoje cervejaria)

- Rua Bernardim Ribeiro, nº 11, 1º

- Rua Coelho da Rocha, 16, 1º dtº, a Campo d’Ourique, hoje Casa Fernando Pessoa

- Hospital de S, Luiz dos Franceses, Rua Luz Soriano, 182 (onde deu entrada a 28 de Novembro e onde faleceu a 30)

- Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, onde está o seu túmulo/monumento

José Saramago em Mafra

De: EI_Palácio Nacional de Mafra [mailto:pnmafra@ippar.pt]
Enviada: quinta-feira, 15 de Novembro de 2007 13:45
Assunto: Pedido de Divulgação- 17 de Novembro, José Saramago, Prémio Nobel de Literatura fala sobre Memorial do Convento no Palácio Nacinal de Mafra


Pedido De Divulgação - Colóquio Memorial do Convento 25 anos
depois....


O Nobel José Saramago vai estar presente, no próximo sábado 17 de
Novembro, no Palácio e Convento de Mafra, para participar no Colóquio
"Memorial do Convento 25 anos depois....". É a primeira vez que o Escritor proferirá no monumento que inspirou a sua
Criação literária, uma palestra sobre o tema.
Este livro tem divulgado Portugal e a sua Língua, bem como este monumento
por todo o Mundo, para além de ter contribuído significativamente para um
aumento do fluxo de visitantes. Esta reunião decorrerá na biblioteca deste monumento e contará também com
a presença de Historiadores como António Filipe Pimentel, Rui Vieira Nery ,
João Appleton e Ana Paula Arnaut que apresentarão várias perspectivas sobre
este. Atendendo à grande procura, prolongamento do prazo de inscrição até 16 de
Novembro.

A Directora

Maria Margarida Montenegro

terça-feira, 13 de novembro de 2007

cinema · domingo 18 de novembro de 2007, entrada gratuita

* Levantamento de senha de acesso 30 minutos antes do início da sessão, no limite dos lugares disponíveis.
Máximo: 2 senhas por pessoa.)

Informações
21 790 51 55
culturgest.bilheteira@cgd.pt


O Cinanima – Festival Internacional de Cinema de Animação é o mais importante festival de cinema de animação português. Realiza-se em Espinho e tem este ano a sua 37ª edição, o que o torna um dos mais antigos festivais deste tipo de cinema do mundo.
Para além das secções não competitivas, tem duas secções competitivas principais. A Secção Internacional abrange as seguintes categorias: Curtas-metragens, Médias-metragens, Longas-metragens, Primeiro Filme ou Filme de Fim de Estudos, Séries ou filmes de animação para televisão. Na competição nacional há dois concursos: Prémio António Gaio/Prémio FNAC, para o melhor filme português em competição e Prémio Jovem Cineasta Português, com duas categorias – filmes feitos por crianças ou jovens até aos dezoito anos e primeiras obras de realizadores com menos de trinta anos.
Para além dos prémios relativos a cada categoria, existem vários outros, como o Grande Prémio Cinanima 2007/Prémio Caixa Geral de Depósitos para o melhor filme do Festival, o Prémio Especial do Júri/Prémio Cidade de Espinho ou o Prémio José Abel.

À semelhança do que tem acontecido em anos anteriores, a Culturgest tem o gosto de se associar ao Cinanima projectando uma selecção dos filmes premiados feita pela organização do Festival.

Como lhe chamou Pessoa, O Imperador da Língua Portuguesa

Da professora Elizabete Miguel, recebi a seguinte informação:

Em 2008 comemora-se o Quarto Centenário do nascimento do Padre António Vieira,«o imperador da língua portuguesa» de aquém e de além-mar. Consulta e inscreve-te no site, o que te permitirá ir seguindo as comemorações previstas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Prémio literário juvenil



Assunto: 2ª Edição Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro - PALOP

Ex.mo(a) Sr(a)

Como é do Vosso conhecimento, a Associação do Prémio Nacional de Literatura Juvenil Ferreira de Castro, com sede em Oliveira de Azeméis, PORTUGAL,promove um prémio literário para jovens PALOP nas faixas etárias dos 12-15 anos (Escalão A) e dos 16-20 anos (Escalão B), nas modalidades de poesia e prosa.

Estando próximo a data para o término das candidaturas a este prémio literário (30 de Novembro) vimos, por este meio, reforçar a Vossa Excelência se digne reforçar a divulgação do regulamento do referido concurso, junto dos jovens PALOP, pelo que se remete, de novo, o regulamento da 2ª Edição do Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro - PALOP.

Quaisquer dúvidas poderão ser encaminhadas para o correio electrónico apnljfc@mail.prof2000.pt .

Com os melhores cumprimentos

José Joaquim Leitão

Director Regional de Educação

Plano nacional de leitura

De: Ler Mais (PNL) [mailto:lermais@planonacionaldeleitura.gov.pt]
Enviada: segunda-feira, 12 de Novembro de 2007 8:58
Para: lista.gestao@escolas.min-edu.pt
Assunto: CONCURSO PLANO NACIONAL D ELEITURA/CTT - "ONDE TE LEVA A IMAGINAÇÃO?"

Plano Nacional de Leitura
Travessa das Terras de Sant'Ana, nº 15
1250-269 Lisboa
Tel.: 213 895 203 Fax: 213 895 148
E-mail alexandra.marques@planonacionaldeleitura.gov.pt

URL: www.planonacionaldeleitura.gov.pt

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Relatório

Deu-se inicio à aula número 11, terça-feira, dia 23 de Outubro de 2007, começando por se ler o relatório do João, número 12, seguindo-se por uma recolha, feita pela delegada de turma, dos recibos dos encarregados de educação acerca da informação sobre a reunião com os encarregados de educação dos alunos do 12ºK.
A professora Risoleta leu-nos um excerto do livro sobre o Capitão Passanha, cujo tema era os preparativos para dar apoio aos chineses. Este livro tem um vocabulário marítimo específico, com direito posterior a esclarecimento de dúvidas.
Está previsto que, já na próxima aula, a Professora consiga dar-nos mais informações sobre a matriz do teste de português, no próximo dia 30 de Outubro, e, incluí-la igualmente no blog da disciplina.
O David executa perfeitamente o seu cargo e relembra a professora para escrever os sumários em falta, que são os seguintes: “Análise da Dedicatória e do início da narração. Interpretação e aspectos estilísticos” no dia 16 de Outubro, e “Apresentação de uma aula dada por um grupo de alunas sobre Classicismo, Renascimento e Humanismo”, sumário do dia 18 de Outubro.
A professora faz um breve resumo do episódio d’Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões, o “Consílio dos Deuses” no Olimpo. Continuámos a leitura da segunda parte do episódio, estrofe 33 a 40, parte de Vénus e Marte, estes opondo-se a Baco ou Dionísio (na mitologia grega) com argumentos, da parte de Vénus, de afecto e respeito pelos portugueses, lido pelo Miguel.
Continuamos a analisar a obra épica de Camões lendo os seguintes episódios: em Melinde, e Inês de Castro.
A professora leu-nos ainda um poema de Miguel Torga sobre o romance de Inês de Castro e D. Pedro.
Fomos esclarecidos que existem três modos literários: a narrativa, a lírica (n’ Os Lusíadas, esta parte é constituída pelos desabafos do poeta) e o drama.
Foi-nos ainda explicado em que consistia uma pergunta retórica, isto é, uma pergunta que não espera resposta mas apenas a reflexão do receptor.
No fim da aula, foi posto um desafio à turma: ler uma estrofe do episódio de D. Inês de Castro em conjunto e em voz alta.
O dia 23 de Outubro foi o dia internacional das bibliotecas escolares e o sumário do mesmo dia foi: “Conclusão da análise do “Consílio dos Deuses”, momentos líricos: as reflexões do poeta. Leitura de um poema sobre Inês de Castro, de Miguel Torga. Exercício em voz alta de uma estrofe do episódio de D. Inês de Castro”.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Salas de estudo: mapa global


(Informação da coordenação dos DT)
Para ver em tamanho maior, "clicar" sobre as imagens.

Salas de estudo de Português/Francês

(Informação da coordenação dos DT)
Para ver em tamanho maior, "clicar" sobre as imagens.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Efeméride: Teixeira de Pascoaes



(auto-retrato de Pascoaes)


Nasceu a 2 de Novembro de 1877.

Poeta-filósofo, ligado ao Saudosismo.A saudade é encarada do ponto de vista existencial e a natureza é, para ele, sagrada. A saudade é também saudade do Deus presente nas coisas.
O poema que podem ler abaixo parece-me ter muito a ver com alunos que frequentam uma escola de artes plásticas. Vejam se descobrem porquê.


Semelhança

É ser quase invisível ser presente.
Na distância é que os astros aparecem;
E nas profundas trevas sepulcrais
É que podemos ver
Esta figura humana da Tragédia,
Esta máscara grega que faz medo
Aos deuses e aos demónios! Esta imagem
Acendida de cores palpitantes,
Além das quais se escondem num tumulto,
Outras vagas imagens, pretendendo
Vencer e dominar, romper a névoa,
Surgir à luz do dia!
Só nas trevas,
Se ilumina a expressão das criaturas,
Como um céu nocturno, Ó lua nova,
O teu perfil de prata que me lembra
O perfil de Virgílio a revelar-se
Na morta escuridão de dois mil anos.

É nas trevas que as almas aparecem.
E a sua face externa, dimanando
Este ar humano a arder em luz divina
Ou toldado de fumo enegrecido:
O relevo mais alto
Dum rosto que se anima, aquele traço
Que melhor o define, aquele modo
De olhar e de falar, aquele riso
Ou de anjo ou de demónio;
Este ar inconfundível e perpétuo
Que trouxemos do ventre maternal.
Fulgura na beleza amanhecente
E conserva acendida, entre as ruínas
Da trágica velhice,
A monótona lâmpada soturna,
Em melancólicos lampejos frios.
E inalterável paira sobre a face
Gelada dos cadáveres.. .
E dela se desprende; e, já liberto,
Em vulto de fantasma,
Fica, por todo o sempre, a divagar
Entre o luar e a noite, o Céu e a Terra.
                      II
O génio dum pintor
É dar as cousas como Deus as fez
E como Deus, sonhando, as concebeu,
Bem antes de as criar. É dar o sol
E a sombra original que lhe embrandece
O ímpeto doirado a desfazer-se,
Em luminosa espuma, sobre o mundo.
É dar a um rosto humano a forma viva,
A claridade viva que ele trouxe
Do ventre maternal...
Esta anímica luz de simpatia
Que se exala, no ar, e vem de dentro
Dum coração a arder:
A nossa própria imagem condensando,
Através da aparência transitória,
A eterna aparição.
                       III
A tinta dá a aparência deslumbrante,
A luz carnal que veste os ossos do esqueleto
E em nós acende uma ilusão de vida,
Um desejo de ser quase infinito,
Um sonho de existir eternamente...
Este sonho divino que nos leva
Nas suas ígneas asas sempre abertas
No coração da noite.
Para onde vamos nós? Para onde vai
A perfeita alegria que se apaga,
E nos deixa na alma
Como um sabor a cinza?
E no silêncio que vem da serra com a lua
E passeia comigo no jardim?
E o perfume das rosas e dos lírios
Que derramam, na sombra, bem se vê,
Fosforescências brancas e vermelhas,
Quando o luar é mármore desfeito
A cair, a cair, em luminoso pó?
Cai na terra que tem defunta palidez,
Sorrisos mortos, lágrimas de neve,
Pedrinhas preciosas que cintilam
E negras manchas de terror, fingindo
O recorte das árvores extáticas.

A tinta dá a aparência radiosa;
Um arco-íris nas paletas,
E a alegria da virgem Primavera
E o sangue que ilumina a tua face
E é como a aurora a percorrer-te as veias
E dos teus lábios foge, num sorriso...

Mas o carvão dá a noite, a intimidade, a alma,
Os recantos escuros da paisagem,
Onde o mistério e a sombra
Parecem adquirir uma presença vaga...
E extrai do alvor luarento do papel
O fantasma escondido, em nós, durante a vida,
Mas cá fora, ao luar, depois da nossa morte.

O óleo diurno lança num perfil
Todo o esplendor externo da expressão,
Este ar espiritual de etérea luz,
Que, emanando de dentro, se condensa
Em relevos de carne e sangue quente,
Donde se exala a dor em turbilhões de fumo
E a alegria agitando as luminosas asas.
Mas o carvão nocturno esboça a medo
A nossa intimidade, aquela imagem
Que em nosso coração se esconde e em certas horas,
De alto delírio e exaltação profunda,
Aparece, na Terra, em nosso nome,
Como um anjo de luz, como um demónio a arder!

Caim e Abel! Orfeu tangendo lira!
O grito de Jesus nas trevas do Calvário!
Lucrécio enlouquecido a escorraçar os Deuses
Para os confins do Olimpo...
E estrela do pastor que, à tarde, cintilava
Nos olhos de Virgílio, extáticas lagoas
Que reflectem a lua entre folhagens de árvore
E misteriosos perfis de espectros agoirentos.

Um retrato a carvão faz medo. Mostra à luz
Aquela negra sombra pavorosa
Que emite, para dentro, a criatura humana,
A fim de que ninguém a possa contemplar.. .
O segredo mais trágico das almas
A converter-se numa voz terrível,
Como um grito da Esfinge, no Deserto,
Que fizesse tremer o vulto das Pirâmides
E violentasse a tampa dos sepulcros,
Onde jazem os Deuses primitivos
E os primitivos Monstros que os poetas
E as entranhas da Terra conceberam.

Mas um retrato a óleo
É máscara pintada a tintas animadas,
Tão sensível de luz e de ternura
Que parece evolar-se num sorriso
E noutras claridades.
                        IV
O pintor surpreende a alma e o corpo,
A aparência da vida, a aparição da morte,
Mas não consegue dar o espírito divino,
O que somos além da morte e além da vida.
Só poderiam dar a imagem verdadeira
Do espírito divino as tintas milagrosas
Extraídas daquele sol eterno
Que faz desabrochar as almas e as estrelas...
Daquele sol oculto em certos versos,
Nas palavras de Paulo e de Jesus,
Nos gritos de aflição, do amor e da saudade
Que, junto dum sepulcro ou berço consagrado,
Lançam as mães aos ventos do Infinito!

Somente em certos versos misteriosos
Dos grandes Poetas, brilha aquele sol
Que faz desabrochar as almas e as estrelas.



PASCOAES, Teixeira de. "Cânticos", in Poesia de Teixeira de Pascoaes. Antologia
organizada por Mário Cesariny. Lisboa.Assírio & Alvim.1925

Diário de 17 de Outubro de 2007

Diário de 17 de Outubro de 2007

Cheguei cinco minutos atrasado, estamos a meio do 1º período e ainda não sei as salas onde tenho aula, no entanto só encontro presente metade da turma.
Deparo-me com as mesas dispostas duma forma que nada têm em comum com a sua habitual disposição. Ignoro a planta da sala, tal como os meus colegas, até porque não temos forma de a “cumprir”.
O início da aula atrasou-se mais que o habitual pelo facto dos alunos se terem de integrar nesta nova forma de organização. Ainda por acréscimo perdemos outros cinco minutos com pormenores relativos à direcção de turma.
A professora mostra-nos como a função do diário e do relatório não só é importante a seu ver, para a aula de Português, como épara outras disciplinas, (nomeadamente de projecto) a professora de projecto sensibilizou os outros professores para a importância de falarmos em público para ganharmos uma maior à vontade na oralidade.
A aula finalmente começa: a Marina lê o seu relatório, bem escrito, mas extremamente incompleto, para contrastar, segue-se a Margarida que lê o seu relatório, que para além de estar bem escrito, tem pormenores extremamente minuciosos. No fim da leitura dos textos a professora diz-nos que vamos ter uma aula “pesada”, deixando-me assim um pouco transtornado, transtorno este que foi aliviado ao ouvir a boa notícia: as leituras do excerto de um texto iam voltar... Sendo que desta vez havia uma alteração: consoante a nossa vontade podiam-se realizar no meio ou no fim da aula, em vez de ser no princípio. Para decidir esta questão, a professora sugeriu uma votação de braços no ar. Acabou por ganhar a velha rotina de o texto ser lido no início da aula apesar de, a meu ver, (até pelo facto de irmos ter uma aula “pesada”) ser muito mais agradável se esta leitura fosse feita a meio da aula, para podermos relaxar um pouco.
Segue-se a leitura deste mesmo excerto, de que apesar de ter gostado, tive algumas dificuldades em interpretar a parte inicial, isto derivado não só ao Português bastante trabalhado (que acabou por se tornar pouco directo) assim como pelo barulho miudinho que pairava na sala.
Finalmente passámos à análise d’Os Lusíadas onde a professora tem feito um óptimo trabalho, pois ajuda-nos a estudar fazendo referência já às partes importantes da matéria, o que nos facilita imenso o estudo em casa. Por esta parte da aula nos ser tão útil e nos facilitar a vida, fiquei chateado por me ter esquecido de trazer o livro de Português para tirar apontamentos.
E assim se passou mais uma aula de português.

David Monteiro, nº8, 12ºK

Diário da Aula do dia 4 de Outubro de 2007

Diário da Aula do dia 4 de Outubro de 2007

Na aula de começo do estudo d’Os Lusíadas, a professora tenta criar um entusiasmo inexistente pela matéria que estamos a dar, trazendo alguns textos e lendo-os na aula, criando uma tentativa de aproximação da considerada grande obra da língua portuguesa, que trata dos grandes feitos dos portugueses.
Como retrata a professora numa das suas críticas, um mil folhas ao qual lhe foi tirado todo o seu interesse, um assunto em que alguém o tornou maçudo, ou que ganhou essa característica por ser obrigado a ser estudado.
Penso que embora seja matéria que tenha de ser dada, a professora começa pela a sua análise morfológica, como numa música que ao percebermos a sua composição, o solfejo, ao ser tocada não criamos só um interesse auditivo, mas também mental. Isso poderia acontecer também n’Os Lusíadas, uma análise do seu exterior para partirmos par ao seu interior, para a narrativa das histórias fantásticas dos feitos portugueses relacionada com mitologia, a história de Portugal e a aventura que foi os descobrimentos. Digo poderia porque o interesse criado por esta história é quase nulo na maior parte dos alunos, voltando ao famoso mil folhas que não foi fermentado desde o inicio.
Com isto temos uma professora, que tenta criar algum entusiasmo, um pouco que seja nos seus alunos, parte das vezes sem resposta alguma, sendo a maior parte das vezes uma "obrigação" tentar criar outras formas de chamar o interesse.
Espero ter explicitado bem a minha opinião, não pondo favoritismo nem por parte dos alunos, nem da professora.
Andreia Alves
Nr: 5
12º K