segunda-feira, 31 de março de 2008

Ainda a propósito de Saramago e pontuação

Do blog
escritacriativa.com
transcrevo:

Contos : Pontuação (em defesa de Saramago)
Enviado por PedroVentura em 20/03/2007 23:06:03 (213 leituras internas) Contribuições deste autor

Quando falo com alguém sobre a arte das palavras escritas e enuncio o nome de Saramago, as opiniões dividem-se. Na maior parte das vezes, há um torcer de nariz. Por norma, as críticas apontam para os enormíssimos parágrafos e descrições do autor, para as suas orientações políticas, mas principalmente para escassez de pontuação. Nos livros de Saramago, somos nós leitores que vamos fazendo as pausas no texto. À medida que vamos coabitando com os seus livros, a leitura torna-se fluida. Se acham que a falta de pontuação do nosso ilustre Nobel é um entrave para deixar os seus livros na prateleira a apanhar pó, enganem-se. E a partir desta frase, tomem bem atenção.
Aqui há dias li um texto vírgula onde a inovação literária me deixou um tanto irritado e com a cabeça a andar à roda ponto O conteúdo do texto era interessante vírgula mas o autor tinha uma maneira muito peculiar e estranha de pontuar as suas frases ponto Não usava a pontuação vírgula tal como a nós conhecemos ponto Como já devem ter reparado vírgula a sua pontuação era feita como nestas últimas frases ponto Inovador ponto de interrogação Eu não acho ponto
Quem lesse esse texto, com toda a certeza que nunca mais iria falar na forma de pontuação de Saramago e talvez, com alguma vontade e deixando os preconceitos de lado, começasse a pactuar comigo o gosto por este grande mestre literário.


2005

Fernando Pessoa e a língua

Ainda a propósito de acordos ortográficos...


A nossa magna lingua portugueza

Fernando Pessoa*

A nossa magna lingua portugueza

De nobres sons é um thesouro.

Seccou o poente, murcha a luz represa.

Já o horizonte não é oiro: é ouro.


Negrou? Mas das altas syllabas os mastros

Contra o ceu vistos nossa voz affoite.

O claustro negro ceu alva azul de astros,

Já não é noute: é noite.


26-8-1930

A propósito de Saramago e a pontuação:

Do ciberdúvidas da lìngua Portuguesa, transcrevo:


A vírgula de Saramago

[Pergunta] A dúvida vem a propósito do título do texto de José Saramago na 1.ª página de Ciberdúvidas: «Uma língua que não se defende, morre» [cf. Antologia].
Fiquei com a impressão de que nos primeiros dias aquela vírgula não estava lá (o texto de José Manuel Matias na mesma página parece confirmar isso, pois a frase aparece citada sem a dita cuja), mas hoje dei com ela, e fiquei a pensar se não será um caso de «vírgula entre sujeito e predicado».
Tento fazer frases análogas, e sou forçado a concluir que a vírgula está lá a mais:
«Uma língua indefesa, morre»; «Uma língua que se defende, não morre»;
«Uma língua com aftas, dificulta a mastigação».
Estou certo ou errado?
Desta dúvida, passo para outra:
1. «Quem sabe, sabe»;
2. «Quem sabe sabe»;
3. «Quem sabe... sabe».
Quem sabe dizer-me qual é a pontuação correcta neste caso?
Desde já, muito agradeço.

Rui Gouveia :: :: Lisboa, Portugal

[Resposta] 1. Tem toda a razão. A frase do título do artigo de José Saramago tem a vírgula a mais, embora não caiba ao autor a mínima responsabilidade*. É uma oração adjectiva. Se substituirmos «que não se defende» pelo adjectivo «indefesa» também não colocamos vírgula. Pelo seguinte: «uma língua indefesa» é o sujeito da frase; e «morre» o predicado . Todos sabemos que é asneira separar o sujeito do predicado numa oração.
Há quem defenda que as vírgulas servem também para indicar a entoação. Nada mais errado: a vírgula serve só para separar os elementos de uma oração. Mas é preciso saber quais os elementos que se devem separar e os que não se devem separar. Por exemplo, nesta frase: «O meu amigo João resolveu ir passear». Pelo facto de haver uma pausa em João já vi por aí escrito a frase com a vírgula no João («O meu amigo João, resolveu ir passear»). Erro crasso – porque, repito, nunca se separa o sujeito do predicado.

2. A verdade é que a frase de José Saramago não é verdadeiramente essa. O que José Saramago escreveu foi: «Hoje, uma língua que não se defende, morre». E a pontuação de José Saramago está certa pelo seguinte:

a) Temos aqui a seguinte afirmação: «Hoje morre». Nesta afirmação está intercalado o seguinte: «uma língua que não se defende».Uma das funções da vírgula é marcar palavras que se encontram intercaladas. Devemos, pois, aceitar esta pontuação.

b) Não haveria vírgulas se a frase estivesse escrita assim: «Hoje morre uma língua que não se defende». Ou então: «Morre hoje uma língua que não se defende».
NB - Não se põe vírgulas antes do que, porque este pronome relativo introduz uma oração adjectiva. Chama-se adjectiva, porque desempenha a função dum adjectivo. Ora todos sabemos que não se separa o adjectivo do substantivo a que ele se encontra ligado. O mesmo se dá, como se compreende, com uma oração adjectiva.

3. Quanto aos primeiros exemplos referidos pelo sr. Rui Gouveia ele volta a ter toda a razão:

a) «Uma língua indefesa morre» – sem vírgula.
b) «Uma língua que se não se defende morre» – igualmente sem vírgula.
c) «Uma língua com aftas dificulta a mastigação" – também sem vírgula.

4. Finalmente as últimas frases:

a) «Quem sabe, sabe»

b) «Quem sabe sabe»

c) «Quem sabe... sabe»

A frase a) está correcta: deve ter vírgula a separar as formas verbais, porque separam orações diferentes. A segunda está errada e a terceira (com reticências) aceita-se, dependendo do contexto da frase.
Cf. Vírgulas e Pontuação, in Respostas Anteriores



* José Saramago escreveu o seu texto para o Ciberdúvidas sem título. Ao optar pela frase que melhor me pareceu sintetizá-lo («Hoje, uma língua que não se defende, morre»), prescindi do advérbio «Hoje», transcrevendo o resto da frase “ipsis verbis”. Sobre esta querela, cf. Controvérsias.

J.M.C.

sábado, 22 de março de 2008

Sobre o acordo ortográfico

Muitas vozes discordantes temos ouvido, mas também há quem esteja de acordo. Ambas as posições apresentam argumentos defensáveis. Aqui vai uma delas, para que possas ir formando a tua própria opinião.

Boas férias!

R



A esta altura do campeonato, creio que já não há muito a ser discutido sobre esta matéria. Quanto mais depressa os portugueses (que são os que mais têm estado a atrasar este processo) se desapegarem de meia dúzia de consoantes que nem sequer são pronunciadas, mais próximos estaremos do início de uma União Lusófona. Eu próprio, que por motivos profissionais estou habituado a fazer um exercício etimológico constante e estou bem consciente dos benefícios da etimologia para um bom domínio da língua, me libertei desse apego afetivo à ortografia: neste comentário experimentei escrever, pela primeira vez, segundo as regras do Acordo Ortográfico, não custa nada... É também verdade que para a grande maioria dos falantes a questão etimológica é absolutamente irrelevante. Note-se que o critério etimológico está repleto de incoerências e arbitrariedades: de acordo com a etimologia, "erva" deveria escrever-se "herva"; "contrato" deveria ser grafado "contracto" e "prático" deveria ser "práctico"; "húmido" com "h" é uma falsa etimologia, deveria ser escrito "úmido"; se escrevemos tranquilamente "pronto" sem "p" em vez do etimológico "prompto", por que motivo nos havemos de arrepiar com um "ótimo batizado"? Para que o critério etimológico fosse realmente coerente, deveríamos respeitar sempre a etimologia e não só de vez em quando, o que nos levaria à ortografia utilizada antes do acordo de 1911 e às "orthographias", "pharmácias", "theorias" e "pyrâmides". A maioria dos sistemas ortográficos são convencionais e arbitrários, julgo que o que nos prende ao "c" de "acção" é sobretudo uma relação afetiva e estética com a grafia da palavra, uma mera questão de hábito. O presente acordo ortográfico prevê grafias duplas para algumas palavras, como "dicção"/"dição", "sector"/"setor", "facto"/"fato"; para estes casos a regra é simples: se se pronucia o "c", escreve-se com "c", se não se pronuncia não se escreve. Nos casos em que a etimologia seja absolutamente relevante e indispensável, como em textos de natureza estética ou filosófica, então que se empregue, excepcionalmente, a ortografia etimológica, ficando tal à responsabilidade do autor. Em todos os restantes domínos do uso da língua, sejamos, de uma vez por todas, práticos!

João Beato, membro do Conselho Editorial da NOVA ÁGUIA

segunda-feira, 17 de março de 2008

Sugestão para férias: Fernando Pessoa

19 de Março de 2008 - Quarta-feira, às 21h30: PALESTRA E RECITAL DE POESIA

Tema: UM FERNANDO PESSOA

Proferida por ABDUL CADRE.

Segue-se a actuação dos JOGRAIS U…TÓPICO.



BAIRRO ALTO - Rua Luz Soriano, 18 / 1200 - 247 LISBOA * Tlf: 213 230 011 - Tlm: 962 953 722

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quinta-feira, 13 de março de 2008

Quando abro a torneira do meu duche...

Quando abro a torneira do meu duche e a água começa a cair e a bater no fundo da banheira parece que estou a ouvir um cascata com as suas aguas límpidas a caírem e quando batem cá em baixo é quando se vê as gotas a voarem e com os raios do sol se vê um lindo arco íris com todas as cores da natureza.

Cada duche para mim é um banho de sensações e sentimentos e uma forma de olhar as coisas lindas da natureza.

O heterónimo que escreveu este texto é Alberto Caeiro

Trabalho realizado por Diogo Rosa Nº9 12ºK

sobre o conto "O Apelo da Água"

O texto sobre o conto "O Apelo da Água"



O duche chama-me...
o meu copo obedece,
como por obrigação...
la dentro rodo a torneira,
como por desespero..
desespero esse que me aflige intensamente..
rodo a torneira desesperada..
não oiço nada... nenhum som do cano..
o silêncio ensurdecedor é como um arpão a trespassar o meu corpo...
choro.. faço pressão na torneira ao rodar...
peço para me darem um pouco de água..
essa água divina que limpa o mal..
um som repentino..
e o alivio em seguida,
com a água a cair sobre mim..
por fim..
o repouso.


Irina Serra nº10 12ºK

Textos vários


Reflexões de Alberto Caeiro no duche

A manhã acordou-me solarenga. Os quentes raios de sol espreitam sobre a minha cabeça, e o calor na minha pele fez-me saborear o acordar.

Envolvido na natureza constante em mim, entrei na banheira com o gosto dos pés descalços sobre a pedra arrefecida pela noite.

Rodo a torneira, sabendo que a água fria me fará abrir mais os olhos, e assim me fará pensar. Pois os meus pensamentos são o reflexo do que vejo, e ao ver, sinto.

O rodar é automático, o automatismo é não ter de compreender, não ter de ponderar. É o meu pensar.

Os meus sentidos absorvem a eterna novidade do que vejo, do que sinto…

Não ambiciono nada neste início de dia. Apenas olho, sentindo o mundo ao meu redor, o espaço envolvente…

A água cai, cai sobre a palma da minha mão, vejo-a, sinto-a, e assim sou feliz como a água corrente, que traça o seu percurso num incansável passeio.

É esta a verdade, sinto-a sem qualquer ambição ou questão.

Alberto Caeiro

(Marta Romão nº19 – 12ºJ)

UM TEXTO À ÁLVARO DE CAMPOS INSPIRADO NUM CONTO DE ITALO CALVINO

A bomba de gasolina.

É isto, é o fim!

Acabei de chegar ao fim da vida, à decadência de tudo aquilo que sempre defendi, à volta do qual eu girava…!

Não quero abrir a porta do carro… Não quero sair de dentro do que resta do mundo…

A civilização industrial, o fervor da modernidade, a exaltação da máquina, a vida!

Respiro fundo, absorvo o cheiro deste combustível da máquina que consequentemente é o nosso combustível!

E com suores frios a percorrerem-me o corpo e a mente a minha mão trémula abre a porta!

O “click”, o clique mecânico, um clique que parece seguido de um vácuo, que é o de me afastar da máquina, do meu carro, do motor de toda uma sociedade.

Tomara gastar-me tal como as últimas gotas do depósito. Fervosamente, alucinadademnte correr, à maior velocidade, apenas correr! E depois… acabávamos, os dois, finitos após o apogeu da velocidade, da alucinação fervosa.

Mas quem ferve sou eu. Sou eu que febrilmente atropelo todos os meus pensamentos uns sobre os outros.

É isso. Vou correr até ambos nos acabarmos! Veloz e furiosamente como símbolo desta civilização que assim mesmo foi! É isso!

Não, não… é impossível não sentir a melancolia do fim, do último combustível que agora insiro…

Rrrrrrr, rrrrrrrr! Como rodas dentadas a rasparem umas nas outras, o ruído raivoso insere também a fúria em mim.

Entro de novo no carro, entro para a eternidade. Para a perduração desta civilização em mim, é aqui que quero estar.

Acelero estrada fora! O ponteiro vai subindo e o ruído aumenta…! Avante! Avante ambos até ao fim, até sempre, Homem e máquina. Civilização e industrialização. Ambos na derradeira estrada de um fim conjunto.

Álvaro de Campos

(Marta Romão nº19 – 12ºJ)

UM MURO RESPONDE A ALBERTO CAEIRO

Que penso eu da tua sombra? Ora como elemento integrado na natureza que sou, não penso… sinto-a. Uma sombra fria que se recorta no branco de mim. Definida, por vezes tão estática… Saboreio-a como o refrescar-me do sol que absorvo… No entanto, às vezes penso nela… Fui construído pelo homem, nunca serei pura natureza, e por vezes questiono-me porque será ela negra? Porque será que a luz adquire essa tonalidade? Mas reprimo também. Quero apenas sentir a sua frescura.

Felizmente Há Luar! : Teatro Épico

A peça Felizmente Há Luar! Adquire características de teatro épico. Dentro da categoria de drama narrativo, podemos defini-la como tal. Na linha do texto teatral com referências dos estudos de Brecht, expõe o poder político, de modo a ser analisado e criticado pelo espectador. É usada a técnica do distanciamento, existe um certo afastamento, que não tenta absorver o espectador, mas sim levá-lo a observar exteriormente, de modo a que o público reflicta sobre o que é retratado e tome posição querendo agir. O carácter épico, é o de ter como objectivo levar o espectador à acção, ao tomar partido e atitude, após uma análise e reflexão crítica. Expondo o poder político, e dando primazia aos sentimentos das personagens representativas da acção que deve ser tomada, valoriza-se o homem e as suas acções. O homem +e um ser que temo direito e o dever de mudar o mundo em que vive. Lutar pela mudança e defesa dos seus ideais. Deve também ser referida a intemporalidade da peça, que mais do que uma representação das invasões francesas, e do movimento liberal oitocentista, bem como da alusão ao regime ditatorial de Salazar, remete para a opressão, tirania, repressão dos direitos do homem, presentes em qualquer época. Bem como da existência de personagens como Matilde de Melo e o General Gomes Freire de Andrade, que lutam sempre pela defesa dos seus ideais, e da liberdade.


(Marta Romão nº19 – 12ºJ)

Diário

Diário da aula: 29 de Janeiro de 2008

Nesta aula lemos o conto “Olhos inimigos”, um dia que amanhece diferente, com algo esquisito no ar, um ar de desconfiança, algo que nos persegue.

Com este texto lembrei me dos tempos difíceis de Portugal, anos de ditadura, e da peça que estamos a estudar: Felizmente há Luar!.

“ Talvez seja do tempo e o dia que nos faça ficar nervoso”, (“olhos inimigos”) sim há dias que nos fazem ficar assim, algo que anda no ar, algum perecimento que nos diz que algo vai acontecer, embora às vezes nada aconteça, essa dúvida perdura durante o dia inteiro.

Gostei particularmente deste conto, para além de lembrar tempos difíceis, é uma dúvida que persiste sempre seja por casos políticos ou pessoais, as pessoas têm sempre medo de a sua conversa poder estar a ser ouvida, e de alguém usar alguma informação, ou de serem ouvidas a falarem sobre um assunto que é considerado tabu, tornando-se desconfiadas.

Andreia Alves

Nº.: 5

12º K

Poema – ao estilo de Alberto Caeiro

Poema – Alberto Caeiro

Entre a água que sobre nos canos

E a que cai

Mil histórias deverão passar-se

Mas o simples gesto diário até a água bater no meu rosto

Para quê pensar?

Para quê uma reflexão do mundo?

Um gesto que se tornou mecânico

Algo natural

Algo maravilhoso da evolução dos tempos

E nesta eterna novidade do Mundo.



Andreia Alves

segunda-feira, 10 de março de 2008

DESASSOSSEGADO TEATRO

DESASSOSSEGADO TEATRO. (Em Duas Partes + Um Pano, Frente e Verso)

28.02.2008

Parte 1:

Nunca li Bernardo Soares. Por essa simplíssima razão, não comentarei o espectáculo a partir de, e comparando com o Livro do Desassossego. Mas sim narrarei, pura e simplesmente, as minhas impressões da inquietação do e no teatro, os pensamentos que cruzaram, talvez, a minha mente durante aquilo a que chamamos a Arte da representação dramática.

Sílabas saltavam das palavras proferidas por um Fernando Pessoa com a cara mais triangular. Era suposto quebrarem o silêncio, fazê-lo estalar, lembrar-nos que há bocado não haviam sons, apenas sombras e pensamentos. Ah! Este efeito nem apareceu em palco. Pelo menos eu, e os que me rodeavam, não o vimos, eram tais as desmesuradas gargalhadas galináceas atrás de nós.

Uma voz gutural, cavernosa, acendeu-se acompanhando as luzes.

Um quadro que iria repetir-se no final: um homem sentado na cama, com a cabeça sentada nas mãos, soltando palavras cansadas, sem cadeiras onde se sentarem.

Este homem falará da sua vida falando dos outros. Primeiro o patrão Vasques. O patrão Vasques! Ele é a Vida! Ele! A sua dependência. Depois a sua Ama. Meu amor pequenino... Deus existe?! Quem me dera um colo que me pudesse aconchegar! Meu amor pequenino... agarrava a cama, procurando calor, um abraço, um colo! Que a solidão se transformasse num ser de carne e osso, sinto-me pequeno, uma criança, desamparada, e agarrou alguma coisa aqui dentro, doeu, doeu. Doeu-me. Depois será a vez das Mal Casadas... Atenção casadas e solteiras! Um pedaço, um circo! Um instante que pareceu de outra peça, deve haver aqui um engano! Não. Tem tudo o seu objectivo.

No entanto, senti todos aqueles segundos concentrados numa única frase, que repeti na minha cabeça uma e outra vez, tentando não esquecê-la, puxa, porque é que não trouxe um papel e um lápis? Todas as expressões foram filtradas por ela, todas: melancolia, dor, desespero, solidão! Aqui está ela, talvez distorcida, talvez, sem o original fulgor com que foi pronunciada (tenho de comentar isto: um actor espectacular!! Ele não actua. Ele vive a personagem!): “A Vida mora nesta rua, neste andar! E a Arte! A Arte mora nesta rua! Mas noutro andar...”.

Parte 2:

Não tenho jeito para escrever. Preferia desenhar tudo aquilo que senti nas pontas dos dedos, aquela inteligência infantil de dizer que aquela mancha é aquilo tudo. Que tudo? Tudo! O cenário, os actores, as falas, as luzes, os sons, tudo! Esta mancha é tudo! Que aqui não está, não tentem procurá-la. Estou a tentar enxugá-la com um lenço de palavras.

Apresentação de um Pano Manchado –Frente- :

Castanhos e azuis nocturnos. Muitos. E ocres. Todos muito suaves. O pano é preto. Então como vês as cores? Bem., a luz existe, não? Não me critiques. Isto é difícil.

Um cubo. Dentro, uma cama. Perto, uma alma. E esta coisa aqui? O que é? Uma solidão.

Desce.

Uma cortina: distanciamento. Estava tão perto! Agora afasta-se. Até tinha descolado as costas da cadeira, imitado a inicial posição daquele cujos pensamentos iriam sugar a minha atenção. A única diferença: eu levantava os olhos, enquanto que ele enterrava-os na terra.

Desce.

Mais paredes. Aquele cubo fechava-se cada vais mais em si mesmo. Introvertido. Uma prisão que a alma pisava ébria, indiferente à sua jaula.

Uma caixa. Não uma qualquer... não guarda escuridão! Guarda o negativo desta: luz!

Um espelho. Metade homem, metade mulher. Posso fazer-te uma pergunta? Podes. Ele era bissexual? Não sei. Nunca falei com ele. Pelo que percebi, está a descobrir a sua sexualidade. Está a falar de amor.

E agora? E agora quê? Continua! Shiu... Observa, e ouve. Também tens música nesse pano? Também.

Sobe.

Sobem as paredes. Que alívio. O cubo abre-se. O quarto abre-se. A alma fecha-se.

Sobe.

Sobe o plástico. Tudo regressa. Aquela primeira imagem, quando ouvi o primeiro grito.

Apresentação de um Pano Manchado –Verso- :

Fernando Pessoa. Não pares. Senão Soares desaparece.

No palco, três personagens. Pessoa, escrevendo, fazendo música, enchendo o vazio sonoro de símbolos musicais, códigos de ouvido. Iluminando o espaço, brincando com focos e palavras. Interagindo com todos, no seu canto, invisível.

Soares, a alma aprisionada na solidão.

E aquele indivíduo sentado do outro lado, talvez um reflexo de Fernando Pessoa, que lhe fechou o quarto. Que o separou de nós! Quem é ele? Não estava lá só para puxar cordas. Ele tinha mais algum papel. Senão, não estaria iluminado...

Não tinha rosto. Gestos, nenhuns. Correcção. Tinha sim, mas mecânicos. Não dava música, não oferecia luz, não cuspia palavras. Nem uma letra... no entanto, parecia um segundo Pessoa! Será confusão minha? Será ignorância minha? Estará a minha mente cega, agora?

Seja lá o que for, permanece uma mancha no verso do meu manto. Não é invisível. Só não tem cor. Mais um mistério.

É o que dá sal à comida...

Amanda Baeza, 12ºJ, nº3.

Finalizado: 08.03.2008

O discurso final, dedicado a nós, alunos, emocionou-me. Obrigada. Foi um belíssimo espectáculo.



Observação da professora: ao contrário do que afirmas ao início, leste Bernardo Soares, sim. Não leste o Livro do Desassossego na íntegra, mas lemos vários textos dele durante a visita de estudo à Lisboa Pessoana. Acho que até tenho fotografias tuas a lê-lo... :-) Bom, admito que estivesses a ler o ortónimo ou um heterónimo, mas houve quem lesse B Soares. Se quiseres recordar alguns textos, estão aqui no blog, foram todos publicados. Procura no marcador "visitas".

Relatório de aula

Hoje tivemos mais uma aula sobre Fernando Pessoa, desta vez sobre o heterónimo Alberto Caeiro.
Começámos por ler um texto de introdução ao "Mestre tranquilo da sensação". Esse texto explica diversas características desse heterónimo. Alberto Caeiro nasceu no dia 16 de Abril de 1889 e escreveu, ao longo da sua vida, vários textos. Desses textos é necessário salientar "O Guardador de Rebanhos".
Caeiro era órfão de pai e mãe e vivia na quinta da tia-avó, no Ribatejo. Era de estatura média e, entre outras características, era louro e de pele muito branca.
Aprendi também que Caeiro foi o criador do Sensacionismo, além de que era chamado de "Mestre" pelos outros heterónimos e pelo próprio ortónimo. Caeiro escreve sobre aquilo que vê e sobre aquilo que sente.
Lemos ainda,os poemas (de Alberto Caeiro) intitulados "Poema Primeiro" e "Poema décimo", sobre os quais fizemos uma leitura em conjunto.
Depois analisámos também um quadro do livro da pág. 181, que contém as características estilísticas e temáticas deste heterónimo.
Esta foi mais uma produtiva sessão sobre um dos heterónimos de Fernando Pessoa.

Ruben Santos
nº21 12ºI

A resposta do muro

Resposta do muro a Alberto Caeiro

(muro pensando) Olha, mais uma que me cai em cima... Umas mais recortadas, outras mais redondas, sombras... são todas iguais. Às vezes penso se se põe a imaginar o que penso delas e é então que começo a rir sozinho, ou com alguém que passe na rua.

Maria Teixeira

O texto da água, inspirado em Ricardo Reis

Entre o rodar do manípulo da torneira e o cair da água:


Depois de rodar o sólido manípulo, mas antes do milagre rotineiro, sinto um longo segundo de prazer. Prazer por saber que a cura do futuro em breve será a do presente.


Maria Teixeira

[Um pequeno diário de Álvaro de Campos, numa aula com Alberto Caeiro.]

Estávamos numa sala. Não era uma sala qualquer, era uma sala de estudo.

O meu mestre, Alberto Caeiro, começou a aula e começa como sempre com a sua frase predilecta “só sentes se não pensares”.

No meu ser, adoro o meu mestre, mas não consigo ser como ele.

- Campos, fica atento à aula e está quieto!

Não consigo parar um segundo, quero fazer o clique na minha caneta o máximo que puder até ter o som indeterminado do clique!

[…]

- “Se eu pensasse nessas cousas, Deixaria de ver as arvores e as plantas (…)” – diz Caeiro – Campos, comenta isto.

- Se eu pensasse nessas cousas, deixaria de ver a forma das árvores, sentir a suavidade das flores na minha pele, e não ouviria o som dos pássaros até as minhas orelhas estremecerem.

- Muito bem Campos, mas também não exageres!

Queria muito sentir isto tudo de facto, mas não consigo fazer como o mestre me pede…

[Um pequeno diário de Álvaro de Campos, numa aula com Alberto Caeiro.]

Ana Vilar nº5 12ºJ

Resposta de um muro a uma pergunta de Alberto Caeiro:

" Que pensará o meu muro da minha sombra?"

Muro:

– A tua sombra é o teu ser escondido,

escondido da luz e da razão.

Seja que movimento fizeres,

a tua sombra te seguirá,

e se não tiveres luz,

a tua sombra te comerá.



Ana Vilar

Diário

Diário do dia 11 de Janeiro

Começámos a aula e a professora: “Fazem todos hoje o diário”,

pergunto-me se a professora na próxima aula quer a leitura de todos os diários.

Em seguida, ouvimos a leitura de um poema de Álvaro de Campos, “Opiário” e fiquei completamente chocada com a maneira como leram o poema. Eu sei que a professora tinha dito que ele lia mal, mas não imaginava tão mal. Porém, eu achei piada a algumas frases lidas, das poucas que “apanhei”.

Logo de seguida ouvimos o “Manifesto Anti-Dantas” de Almada Negreiros, e o manifesto era hilariante! Com frases muito cómicas, e para não falar que a leitura era de facto muito boa!

Estivemos a dar matéria e como de vez em quando fazemos leitura personalizada, hoje também fizemos e até ficou bem!


Ana Vilar nº5 12ºJ

Entre o rodar da torneira e o cair da água, exercício de estilo imitando um heterónimo de Pessoa:

O Apelo à água

Ainda agora me levantei

Já estou na banheira

A rodar a torneira

À espera que a água me toque na cara

E penso, esta água

Que passa por canos, tubos, filtros!

Oh! Água límpida e pura

Passas por tudo, e passarás por mim!

Imagino-me uma gota

No meio da imensa água

Nasço entre terra e pedras

E toco-as, à terra e às pedras

Continuo de viagem, num imenso rio

Sempre a circular, e nunca parar.

Eu vejo e sinto os peixes!

Diferentes peixes

De rios

De mares

Sim, o grande mar,

Tanto por tocar, não sei onde começar

Oh! Espera, eu estou a voar!

Não sou gota, sou ar

Acumulo-me com outras

E já sou uma tempestade!

Um remoinho, no ar; Oh! Espera lá estou

Eu, em Água!

Volto a cair… na minha própria cara

E lá estava eu no chuveiro.

Ana Vilar nº5 12ºJ

Uma forma elegante de entregar trabalhos atrasados...

P.S.A. (Post Scriptum ANTECIPADO): estes são trabalhos que fiz no seu devido tempo, no entanto, esconderam-se do meu tempo, a minha memória, a minha percepção do espaço-hora-minuto-segundo, em gavetas, entre papéis e mais papéis e... Peço desculpa à professora...

DIÁRIO DE UMA AULA VERDADEIRA.

Não há melhor bálsamo do que ouvir palavras. Quero dizer. Antes de começar uma aula de português. Pelo menos, ajudam-me a reordenar os meus pensamentos, um duche frio que nos transporta aos primeiros dias do básico.

Dizia eu que começamos com um conto intitulado "Zero à esquerda", “recortando as sombras do telhado”. Aquela voz ajudou-me a passear por umas ruas incógnitas... “Desculpe, tem o sapato desatado.” Desculpe? Não queria dizer... a mente? “Olhe. Ainda está desatado.”. Como todos os outros contos que até agora a professora nos levou ao ouvido, este assentou que nem uma luva... no sapato. Quero eu dizer... na mente.

Pouco depois, a professora despegou o livro dos lábios e ficou a olhar-nos, satisfeita.

-Então. Gostaram?

O silêncio foi mais rápido a responder do que nós.

-Então, vamos passar... o que calhava hoje?

-Sttau Monteiro –respondem uns.

-Fernando Pessoa! –estes ganharam.

Relatório: Alberto Caeiro: um Pessoa anti-filosófico, anti-metafísico, anti-imaginação. Leituras dos décimos poemas, e um trigésimo nono. Afinamos as cordais vocais e começamos a arranhá-las em coro. Fabuloso. Os olhos da professora escondidos por um sorriso dizem “Isto é muito difícil. Vamos tentar outra vez.”, e lá tentamos mais uma vez. Por mim, passava a aula assim. Recorda-me aquele ano em que fiz uma espécie de teatro. Era eu sempre a má, pois todas queriam ser as princesas. Mas depois, fui eu quem ganhou o príncipe.

Depois da trigésima nona tentativa (estou a exagerar eheh), lemos o poema trigésimo nono, recorrendo à mesma técnica vocal. Fiquei um pouco baralhada, não só ao falar, como ao pensar. No fundo, “as cousas são o único sentido oculto das cousas.”.

Já não me lembro como é que uma chama de cabelos me despertou do transe. Ah! Já sei. No quadro estavam as palavras TEORiA DOS FRACTAIS. Soava-me a físicas e matemáticas. Eu só gostei das químicas...

-Eu acho que sei a fórmula disso... mas não consigo lembrar-me –ouvi o Jorge dizer.

-Não começa com um E+2 não sei o quê?? –atira a Adriana.

A professora tinha o riso preso na garganta. Sei-o. Aprendi-o com a minha avó chilena. Chamas voltaram a saltar dos seus cabelos... hum... já sei. São reflexos da luz.

-Não sei... Não conheço nenhuma fórmula matemática para isto... não quer dizer que não exista! Mas nunca ouvi falar nela. O que eu sei, é que a teoría dos fractais diz que a parte contém o todo, e que a soma das partes é mais do que o todo... –ao apontar estas coisas, perdi metade da conversa. E a minha antena pescou a minha consciência quando... –Por exemplo, na MÚSICA, as notas, sabem o que são as notas? –como não? Pensei. –pertencem a uma escala... –e o giz desenha uma escala musical. –e dentro de cada nota, existe outra escala. –e as escalas reproduziram-se. Sei que o ................... disse qualquer coisa e eu tive de apertar os lábios para não rir. Acho que esse é um defeito de fabrico: estar sempre com vontade de rir.

Ainda visitamos um "acantilado" (não sei se é assim se diz em português... ajudem-me!). Um pormenor de uma rocha é uma representação de toda a rocha. Foi mais ou menos isso.

Ah! E já ia perdendo o fio do raciocínio... isto tudo para chegarmos ao porto: Alberto Caeiro considera-se UNO.

Página 183. Ode triunfal. Álvaro de Campos.

Uma palavra: excesso.

Excesso de sensações, Sensacionismo.

Excesso de r-r-r-r-r-r, Onomatopeias.

Excesso de exclamações, Modernismo, Futurismo.

Excesso de febres e dentes, Doença.

-“Escrevo rangendo os dentes.” –diz-me.

-Também eu. Tirando a parte dos dentes. –penso.

-“Tenho os lábios secos.” –diz-me.

-Também eu. Não paras de olhar para as máquinas... –penso.

-“E arde-me a cabeça.” –diz-me.

-Eu tenho fome. –penso.

Álvaro de Campos cria uma confusão (bem. não ia criar outra coisa). Ele chega a um ponto em que não se percebe se a máquina está fora ou dentro dele. Creio que está tanto fora como dentro. O corpo humano não é uma máquina?

Ring-Ring-Ring. Intervalo. Será que Álvaro escreveu algum poema sobre uma campainha da escola?

AMANDA BAEZA 12ºJ Nº3

25.01.2008

Entre o rodar da torneira e o cair da água, exercício de estilo imitando um heterónimo de Pessoa:

A água, quando rodo a torneira com um simples movimento de mão, sobe no cano, como um salmão sobe um rio. Quando se liberta daquele vazio que é o cano, solta-se e cai em mim como uma espécie de destino que a traz. E sinto-a a percorrer-me como se fosse a última vez que o fizesse (é disso que tenho medo).Tenho medo que acabe esse segundo, o segundo que muda a vida, o segundo, que se o perdera, já não será nada.


Ana Subtil nº3 12ºI

Diário

Diário da aula do dia 7 de Março

Entrei na sala, nervosa pela entrega dos testes. Será que vou precisar de fazer o teste de recuperação? Tenho de ter pelo menos um 15 no final... quero tanto ter a média necessária para arquitectura...mas Português parece ser o meu maior obstáculo... um 13 no primeiro período...Não sei que se passou...não percebo. Neste últimos anos não tenho conseguido tirar mais que 15... Ms se desta vez mantiver o 15 é porque consegui aumentar a média nas outras disciplinas, talvez...consiga! Só o 15 já era tão bom!

A "Stora" entrega os testes...A Ana, ao meu lado, recebe. Wow! Ela teve um 17! Ela subiu bastante! Se ao menos eu subisse também...Um 15 já era bom.
Recebo e por momentos fico estática. Um 18? Tive de tentar conter-me para não mostrar a dimensão da alegria que senti naquele momento. Se um 15 já era bom , um 18 pareceu um sonho! A professora entregou-nos os textos sobre o duche e pediu-nos os diários, mais semanários, de português. Temo pela avaliação do meu diário...não me liguei muito ao tema do Felizmente há luar e por isso não escrevi muito nesse campo.

A "stora" leu-nos um texto do livro de que lê todas as aulas. Sobre um dia que virá com certeza, o dia da última gota de gasolina. Vai ser o caos e é provável que ainda viva esse dia... Temo pela minha irmã, que ainda não nasceu. Ela vai viver todas as dificuldades...Ou talvez não, já se faz tanta coisa, a tecnologia hoje em dia já é capaz de nos dar tanto, quem sabe o que dará no futuro. Só nos resta esperar para ver.

Foi-nos proposto um trabalho sobre o texto que ouvimos. Teríamos de escrever sobre esse tal dia, o último dia do crude transformado, ao estilo de um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Deslumbrada, e ainda um pouco inquieta por causa da nota do teste, escolhi Álvaro de Campos, o heterónimo com que me identifico levemente.

Muitas linhas depois e entregue o trabalho, a "stora" disse que podíamos sair.

Adriana C 12ºJ

Sobre FELIZMENTE HÁ LUAR e os símbolos

Exercício do teste

Felizmente há luar contém elementos físicos e estéticos que ajudam a caracterizar as relações entre personagens, momentos de acção e até mesmo as próprias personagens.
O som, representado por um rufar de tambores quando Principal Sousa e D.Miguel ( um elemento da igreja e um governante sedento de poder) alertam o povo para um problema comum e o incentivam a combater, entra na peça por estar relacionado ao bater do coração, ao marchar e por despertar um ritmo favorável a batalhas. O som é um elemento simbólico, manipulador indirecto.
Matilde vem à rua e aproxima-se do povo usando uma saia verde; a saia verde é desta cor porque transmite esperança e, como é uma cor da bandeira nacional, transmite patriotismo. Como se ela, casada com Gomes Freire, de uma classe dominante mas a favor do povo, carregasse a esperança da pátria.
Quando se aproxima do povo, inicia-se um diálogo. Manuel, o mais consciente do povo, e Rita, mulher de Manuel, entregam a Matilde uma maçã e uma moeda. A maçã é símbolo de compaixão e preocupação para com Matilde ( a qual já parecia não andar a comer bem), assim como representa o gesto irónico de um elemento do povo dar de comer a uma mulher de uma classe superior. Já a moeda é entregue inicialmente como símbolo de desprezo (o povo não recebia muito das classes mais abastadas, daí o descontentamento e o desprezo simbolizado pela moeda), mas depois Manuel sente compaixão por Matilde e um pouco de admiração. A moeda passa a medalha, símbolo de honra, de trazer ao peito.
O Fogo/clarão e o Luar são símbolos que possuem o mesmo princípio simbólico: a revelação. A Luz revela o interior das personagens, focando estas em si mesmas.

Adriana C 12º J

Resposta de um muro a uma pergunta de Alberto Caeiro:

(Exercício do teste)

"Que pensará o meu muro da minha sombra?"


A sombra é o que se vê
Está lá como não está.
Sol vem, Sol vai, assim é.

Que penso eu da sombra?
A sombra é o que vejo
Ora está, ora não
Sol vem, sol vai, assim é.

Adriana Curado, 12º J

Texto do duche

O Apelo da água

Rodo a torneira.
Rodo a torneira no duche e espero a água.
Antes ainda sinto a rouquidão do manípulo
De ferro que abraço com a minha mão.
Espero então a água.Que me purifique,
Lave de mim o ranger da torneira metalizada
E me transporte para algum outro lugar.
Lá não há ferro, não há engrenagens roucas
ruidosas nem rangentes. Só há paz.
Paz essa não a há aqui, no duche...
Na ausência da água, sou só eu e a torneira.

Range, range...

Vou virando, tornando a virar.
Um segundo parece tardar em "r"s.
Persiste em mim o som, em mim que sou nada.
Torno-me ranger metálico, fusão
Da minha mão com o manípulo da torneira.
Quero a água, sentir o frio, porque a máquina,
A engrenagem, não sente.
Sentir...
Para voltar a ser eu, a ser nada.
Rodo a torneira, rodo...
Não.
Rodo a minha mão e deixo a água cair.
Fuga metalizada.

Álvaro de Campos pela mão de Adriana C 12ºJ

Diário

A aula começou com os "já famosos" atrasos. Um chegava a uma hora, outro a outra, mas a aula continuou na mesma.
A Andreia Souto leu o relatório referente à aula anterior.
Depois começámos por escutar a leitura do texto "Opiário" de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Nesse texto parece que há uma confusão quanto ao que se está a ler. Parece tudo tão rápido, que nem se percebe.
Depois ouvimos também o "Manifesto Anti-Dantas", de Almada Negreiros, onde algumas das frases proferidas tinham bastante graça. Uma das frases a que achei mais graça foi "O Dantas é um cigano".
A aula continuou, e lemos o poema de Fernando Pessoa (o eu fragmentado, "Sou um evadido..."). Primeiro a professora fez uma leitura do poema e depois propôs-nos uma leitura em conjunto, tendo sido uma estrofe lida por cada fila de mesas. Nessa leitura há sempre uns pequenos desentendimentos, porque uns lêem rápido de mais e outros devagar demais...


Ruben Santos
nº21 12ºI

Imaginando que sou um heterónimo de Pessoa: o que sinto no segundo entre rodar a torneira e o correr da água?

O rodar da torneira, é como que o rodar dos ponteiros do relógio, o tempo que passa, um envelhecimento, mas não descontente. É um rodar sem sentido, igual ao sentido da vida. É o rodar do tronco da árvore , inclinando-se sobre o sentido do vento.
Pedro Santos,
N.º20 - 12ºI

Diário

05 De Março de 2008

Hoje tivemos teste de Português. Consegui chegar a horas, mesmo tendo havido problemas com os comboios, estava preocupada quanto à minha pontualidade por causa disso, mas até correu bem e cheguei a horas de iniciar o teste sem atrasos.

Sentei-me e esperei que a professora distribuísse os testes, só após a professora chegar ao meu lugar e entregar o meu, me apercebi que não tinha folha de teste para o realizar, entrei em “pânico” de novo, mas depois a Teresa lá me acalmou com umas simples palavrinhas “O Sousa foi comprar!”, fiquei logo muito mais aliviada. Entretanto, lá chegou ele com as suas folhas de teste e tive de lhe pedir uma para conseguir realizar o meu teste, finalmente.

Comecei por fazer o teste, aparentemente parecia fácil, olhando de uma forma rápida e na diagonal. Quando o olhei de uma forma mais “profunda” percebi que na parte do Felizmente há Luar não me sentia muito à vontade, senti bastante dificuldade nessa parte, mas também não era nada que não me admirasse, pois não foi algo que eu tivesse gostado muito de ter estudado. Fernando Pessoa para mim foi muito mais acessível, mas também sou suspeita para falar, visto que sempre gostei muito de Fernando Pessoa. E muitas das coisa que sei, já as sabia antes de ter começado a estudá-lo nas aulas. O que ajudou imenso, pois foi-me bastante útil para quando o estudámos.

Concluí todo o teste, mas mesmo assim arriscava-me a dizer que terei negativa. Porque apesar de a parte do Fernando Pessoa ter corrido ligeiramente melhor que a do Felizmente há Luar, o teste não correu muito bem na totalidade, porque não me preparei o suficiente para tal.

E assim foi mais uma aula de Português, esta um pouco diferente com teste, mas foi mais uma, estando nós a uma semana de acabarmos as aulas e irmos todos para férias de Páscoa.

Mónica Andreia Jacinto

12º - I

Nº 18

Diáro

Diáro da aula do dia 28/02/2008

Lá consegui combater o habitual sono matinal, devido a poucas horas na terra dos sonhos.

Foi uma aula calma, falámos sobre Ricardo Reis.

Adorei o poema da página 200, “Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio” ! Há sempre pequenas coisinhas nestes poemas que lemos que me fazem pensar no agora, na minha vida... E ele tem toda a razão. Pensei que é pena quase ninguém pensar assim e adoptar este método de uma vida “sem desassossegos grandes”; calma que passa como o rio... E agora penso que sou demasiado nova para andar já nestes pensamentos! Hmm... Um bocadinho dramático, não?

Terapia de Alberto Caeiro, precisa-se!

Joana Rosa nº 11/12ºk

Diário

Diário da aula do dia 19 de Fevereiro

Na aula do dia 19 de Fevereiro começámos por ouvir a professora Risoleta a ler um texto que se chama “ A tribo de olhos postos no céu”. Adorei este texto porque descreve precisamente o que acontece nos dias de hoje quando há uma guerra. E infelizmente a guerra acontece um pouco por todo o Mundo. Depois lemos alguns poemas do heterónimo Álvaro de Campos, e simplesmente adorei dois poemas dele, “Dactilografia” e “O que há em mim é sobretudo cansaço”; adorei porque revejo-me neles em algumas alturas da minha vida.

No poema “Dactilografia”, quando o li fez-me lembrar quando quero estudar e a minha alma não está no meu corpo, está mesmo bem longe da minha cadeira e da minha secretária, tento concentrar-me ao máximo e só consigo ouvir o comboio lá fora, o barulho da luz acesa e até mesmo as batidas cardíacas. Os meus olhos não precisam pestanejar, desfoco-os e vendo tudo mas não vendo nada, vagueio na minha imaginação, imaginando o impossível no meu castelo encantado. Mas um barulho suave, mas um barulho, faz quebrar todo o encanto do momento onde deveria supostamente estar a estudar. Abro os olhos para os livros e recomeço tudo de novo.

Mais tarde quando a professora leu o poema “O que há em mim é sobretudo cansaço” parecia que eu é que tinha escrito aquele poema, claro não com a clareza nem a magia que Fernando Pessoas escreveu, mas as ideias e os sentimentos que por vezes sinto estão lá. A descrição clara e vibrante fez-me só concentrar na voz da professora. Eu revejo-me neste poema quando estou num dia exactamente cansada de tudo, farta do que me rodeia e vendo que no mundo em que vivo, afinal não é tudo tão cor de rosa como eu gostaria que fosse, ver que existe pessoas com más intenções e que nem olham a meios e nem pensam nas consequências dos seus actos. Sei que não vou mudar o mundo, mas posso contribuir para que ele seja melhor, e vou continuar a dizer o que penso quando sei que o que está correcto não é fazer o que está incorrecto.

Tocou.

Assim se passou mais uma aula de Português, mas esta sem dúvida diferente das outras.

Ana Santos

Nº 2

12º K

Diário

Diário do Dia 29 de Janeiro de 2008 da aula de Português.

O dia começou calmo, a professora Risoleta começou a aula avisando os alunos que neste dia todos iriam fazer o diário. E, na minha opinião prefiro que haja assim um dia de vez em quando em que todos façamos, pois podemos comparar os acontecimentos e corrigir erros uns dos outros. De seguida a professora pediu-nos que fossemos silenciosos, pois a matéria estava atrasada e teríamos de avançar.

Como é habitual, a professora leu um conto do livro de Ítalo Calvino e a pedido do David, em seguida ditou os sumários.

O sumário do dia 10: “Leitura do conto "Quem se contenta", audição do Manifesto Anti-Dantas de Fernando Pessoa. Leitura e análise de um poema de F. de Pessoa”.

De dia 15: “Leitura de excertos da obra Felizmente há luar.”

De dia 17 : “Estudo do heterónimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro.”

De dia 25 “Sessão de esclarecimento sobre "Prosseguimento de estudos", pela psicóloga”.


Entretanto, continuámos com o estudo da obra de Sttau Monteiro e lemos um texto sobre a censura e o teatro na época; a professora explicou-nos que os censores eram polícias do espírito que oprimiam qualquer opinião ou forma de pensar diferente.

Professora Risoleta : “O teatro era importante para intervir na sociedade portuguesa, dando assim lições de moral como tentativa de mudar mentalidades”.

Esta obra tem uma parábola, um ensinamento ao povo, uma história contada através da qual podemos concluir outra coisa. “O que é importante no modo dramático não é a leitura, é a representação”.

De seguida fizemos leituras em conjunto distribuindo as falas pela turma, o que correu bem à primeira vez. A professora finalizou assim a aula, pedindo que se fizesse menos barulho nas próximas aulas; devemos promover a leitura e por isso a concentração deve ser máxima.

Nº 3

12K

António Arroio

Português.

AnaMariaVale

quarta-feira, 5 de março de 2008

Viagem ao Mundo do Jazz (um quinteto de jazz com músicas e histórias do jazz)

Através de um e-mail da Gulbenkian que recebi via Conselho Executivo, informo-vos que consegui reservar 25 bilhetes para os alunos destas três turmas que estejam interessados e que os primeiros a confirmar a sua ida terão, naturalmente, prioridade.Caso haja mais interessados poderei tentar obter mais bilhetes, mas não garanto.

dia 24 de Abril das 10.00 às 11.30

Preço: 4 euros


segunda-feira, 3 de março de 2008

O actor, a máscara e o espectador

A propósito de uma ida à Comuna com as minhas turmas I, J e K ver uma representação do Livro do Desassossego de Bernardo Soares pelo actor Carlos Paulo:

O actor tem o rosto e tem a(s) máscara(s).
É (P)essoa e personna. A máscara é de cristal e ele tem inúmeras máscaras, que vai substituindo invisivelmente ante os olhos do público que vê as sucessivas máscaras mas não vê a mudança. Não vê por fora. Sente-a por dentro. Alguns espectadores sentem no ventre, outros no coração, na cabeça, no sangue, na mente, no estômago (às vezes como um murro) , na face (às vezes como um beijo).
O rosto do actor é de água e por ele escorrem mil emoções que um dia, como Ricardo Reis, entregará ao barqueiro. E que o público não vê. No final do teatro o actor retira a última máscara, mas a um olhar atento é ainda possível ver, a esconder-se, a última emoção. Por ela escorrem porque a ela acorrem mil rios de água doce. E disse:

Não recordo exactamente as palavras, mas o sorriso, a expressão de todo o rosto e do corpo e a voz, falaram do prazer do actor em ter tido tais espectadores. Por detrás do pano invisível da personagem, o actor viu e sentiu e agradeceu a total presença dos alunos e a sua emoção.
Sem palavras, eu agradeci por dentro a delicadeza e inteireza do actor que antes de se retirar para os bastidores deixou a sua marca naqueles alunos que nele silenciosamente deixaram a sua marca.
Momento de ouro.
Risoleta

Comentário à peça “Do Desassossego”

Comentário à peça “Do Desassossego”

Ao entrar-se na Comuna, consegue-se logo recuar uns anos e sentirmo-nos num retiro intelectual, onde os artistas se podiam confortavelmente encontrar para momentos de camaradagem.

A verdade é que é um teatro com a magia da genialidade, com poucos recursos. A meu ver, transmite um ambiente muito mais fiel ao teatro e à sua arte. Torna-o mais pessoal, próximo do público, sem rodeios e entretenimentos que tentam falsamente glorificar.

Os actores, tão próximos de nós público, fazem-nos logo sentir mesmo a seu lado. Um espectador dentro do acontecimento. Fernando Pessoas escrevia, introduzia-nos ao seu heterónimo, quando uma voz surgiu mais forte e com um novo foco – Bernardo Soares.

Um homem um pouco curvado, de meia-idade, mas sem dúvida com algo que o desbanalizava, a sua logo patente lucidez e discurso. No início do seu monólogo (que é como quem diz, no início do nosso conhecimento dele) deixa-nos presente a forma a que reduz a sua vida, o seu desencanto e monotonia, a sua vida era logo resumida à rua dos Douradores. Mas ao falar do patrão Vasques, algo de imponente sobressaía, como se tivesse um lado humilde, modesto, mas que, mais uma vez, com o seu discurso, era elevado relativamente ao que era caracterizado.

De carácter solitário, mas atento e astucioso.

A noite.

A noite, o momento de vermos a sua verdadeira essência, o seu eu real!

Provavelmente foi a cena mais desconcertante e tocante de toda a peça, quando estava na cama. “O meu amor pequenino”. O efeito da sequência feita com a voz de Soares e de Pessoa aproximava o criador à criação, vibrava dentro de nós. Remete-nos ao passado, à sua infância, ao desencadear de toda a sua personalidade. Mostra-se frágil, como a criança “abandonada”, órfã que foi. A falta de afecto que teve, a frieza, a solidão.

É como a explicação psicológica de si. O trauma da sua infância que o obrigou a ser de tal maneira. Achei de facto genial a representação da cena, tão real… O conhecimento de Pessoa era tão vasto, criou uma personagem com acções típicas de qualquer ser com aquela infância. Que aquando do momento íntimo e à vontade, não é mais do que uma pequena criança triste, sozinha. Muito real. E o actor, Carlos Paulo, conseguiu interpretar toda a essência de uma pessoa marcada, tocando mesmo. Foi um momento perturbante, essa análise psicológica.

No entanto tenho de referir um facto. A personagem era demasiado consciente do seu “trauma”. Isto é, ao longo do monólogo fala abertamente, como que explicando o que o levou a ser assim. E em certas partes torna-se irreal e é uma pequena quebra, pois ninguém tem tanta consciência de si, não a esses níveis. É certo que se não falasse assim, era difícil para o leitor e espectador interpretarem-no rapidamente. Mas não bate certo.

No momento seguinte, de entretenimento através das “piadas sexuais”, que nos fizeram, a nós público, descontrair um pouco, evidencia que “um homem superior não precisa de mulher”, elevando-se do homem comum.

O espelho aberto como “duo” de homem e mulher, foi muito bem conseguido, os dois lados, e o simultâneo.

A noite tormentosa e tumultuosa revelou Bernardo Soares, um homem perturbado, desassossegado devido ao seu ser, e com as acções dos outros. Mas extremamente consciente de si e do próximo, analisando ambos.

Um aplauso à companhia, e um ainda mais forte aplauso a Carlos Paulo, à sua mestria como actor e como personagem.

1 de Março de 2008

Marta Romão nº19 – 12ºJ

Livro do Desassossego- Bernardo Soares (Comuna: Peça de Teatro)

Livro do Desassossego- Bernardo Soares (Comuna: Peça de Teatro)

De forma conturbada se inicia o Livro do Desassossego, entre narrações de Fernando Pessoa de como conheceu tal peculiar ser de uma enorme atenção às pessoas que o rodeiam, espaços e atitudes, e de um misto entre fascínio pela provocação Orpheu e o anti-romantismo da sua obra.

É na luz e sons quase enigmáticos que toda a obra se desenvolve, sem preocupações estéticas e soluções bastante rudimentares que apenas nos centralizam para o actor que entra e sai consoante a temática que vai narrando ao longo da peça e que nos é indicada através dos focos de luz.

Fernando Pessoa, de fato preto, camisa branca, chapéu e o tradicional bigode, relatam o modo de tal encontro e de como o livro teria chegado até ele, de seguida entra Bernardo Soares, sempre em monólogo, num quarto falando sobre as amarguras do seu ser tão acostumado à família que nada mais é se não as típicas pessoas quotidianas que nos acompanham na rua ou são meros colegas de trabalho. É exemplo o caso do patrão Vasques que em grande parte é referido com o intuito de criar uma analogia entre o seu ser acostumado e tal personagem que o explora.

Numa canção, quase ladainha, inicia-se o segundo acto onde em questões relativas à infância e à procura de bases que aguentem o frágil ser que se remexe e sofre na noite sozinho, vago e soturno, procura pelo pai de todos nós, Deus. Na cama existem expressões de sofrimento, expressões de quase uma loucura incompreendida, tão pessoal que nos afecta. É no pano translúcido que desce antes do início do acto que podemos compreender o afastamento entre actor e público, um diálogo introspectivo, um afastamento propositado e calculado de abandono e reflexão (questionamento).

Apaga-se a luz e encontramos novamente um Bernardo Soares desamparado, um Soares que deambula por entre a rua dos Duradouros (Baixa Pombalina) e é durante a narração que tudo é colocado em causa, é mais um acto onde a questão de posse e as difíceis relações miseráveis de vida são questionadas (“A vida é não é horrível, a minha é que é horrível”).

Num tom mais jocoso e de quase escárnio, a peça é intercalada com um momento de certa boa disposição através de brincadeiras, mas novamente de assuntos tão sérios e reais. É falado sem qualquer pudor nos relacionamentos de traição, traições onde não é apenas o acto consumado que pode ser posto em causa e criticado, basta apenas o olhar, o pensamento, tudo é forma de traição, tudo é imaginação de corpos mais transparentes e de visualização por parte do ser feminino de um homem mais belo, de múltiplos homens mais belos no mesmo homem feio com quem a mulher está casada.

Já na recta final, antes do último acto, Soares é confrontado entre o jogo de sexualidades e da questão quase paradoxal da posse, isto é, caso nós tenhamos alguém será que essa pessoa nos pertence? Apenas aquilo que nos pertence é preciso ser digerido, misturado, assimilado pelo nosso organismo para que faça parte de nós, porém, mesmo aquilo que foi digerido já não nos pertence pois no momento em que se funde no nosso organismo apenas é parte de nós.

Para concluir a peça, no ultimo acto o véu translúcido que nos mantinha distantes de tal atitude e reflexão pessoal é terminado com o regressar ao escritório, ao seu adorado escritório na rua dos Douradoures.

Bernardo Castro

Turma: 12º J

Número: 9

Data de entrega: 29/2/2008