segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Diário

11 de Janeiro de 2008

Atrasada. E neste período tenho sido mais auto-disciplinada no que toca ao cumprimento dos horários. De verdade.

A chuva hoje não ajudou nada, saí de casa já depois da hora em que passava o autocarro e assim como assim, abri o guarda-chuva e fui andando calmamente até à escola; enquanto ia tomava o pequeno almoço que costuma esperar pelo primeiro intervalo.

Cheguei e cometi o descuido de perguntar à Carol pelo que tinham estado a fazer em vez de me manter calada, mas enfim. A "stôra" tinha lido o texto “Quem se contenta” e estava agora a explicar que tínhamos de fazer o diário daquela aula. Desvendou o mistério que a aparelhagem traz sempre que aparece numa sala: íamos ouvir duas gravações de dois artistas da geração Orpheu. Primeiro, um poema de Álvaro de Campos – "Opiário" – da sua fase decandentista. Inicialmente, a voz de quem declamava o poema pareceu demasiado arrastada, enrolada e engolida para se perceber o que fosse, mas foi certa a adaptação do ouvido e conseguimos distinguir algumas passagens que tínhamos de apontar e partilhar no fim. Das que apreendi, destaco:

Gostava de ter crenças e dinheiro

Não tenho personalidade alguma, não posso estar em parte alguma

A minha pátria é onde eu estou

Este desassossego que há em mim e que não tem maneira de se resolver

Se ao menos eu por fora fosse tão interessante como por dentro

E a que achei mais curiosa apanhada no meio do tumulto de sons aspirantes a palavras, “os ingleses são feitos para existir”, que ao partilhar com a professora, descobri que acabava com algo do género “mete-se uma moeda e saem a sorrir”

Mais tarde na Internet procurei a estrofe:

Os ingleses são feitos pra existir.

Não há gente como esta pra estar feita

Com a Tranqüilidade. A gente deita

Um vintém e sai um deles a sorrir.

De seguida, ouvimos o "Manifesto Anti-Dantas", de Almada Negreiros. Uma amiga já mo tinha dado a ouvir há uns anos (no 9º ano, se a memória não me falha) e ri-me tanto como se tivesse ouvido pela primeira vez.

Das passagens que mais gosto, destaco:

O Dantas nasceu para provar que, nem todos os que escrevem sabem escrever;

Se o Dantas é Português, eu quero ser espanhol;

E fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor d' Os Lusíadas é o Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.

Hilariante.

Ana Neto 12º I nº 1

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