segunda-feira, 12 de maio de 2008

CONVENTO DE SARAMAGO

CONVENTO DE SARAMAGO:

Quem construiu o Convento de Mafra? Foi um rei, não foi? Como se chamava? João, não era? D. João V! Ah! Mas foi ele quem carregou as pedras? Não. Acho que não. Quero dizer... ele era perito a elevar abóbadas só com duas mãos e a encaixar o chapéu da igreja na cabeça oca... no entanto, abóbadas não são pedras.

As pedras carregou-as outro João, sem mais nenhum dom que ter força nos braços e nas pernas, e muito menos quinto, que ele é o sétimo de uma família de dez.

E mais outro João.

E mais outro.

Infinitos Joões que tanto podiam ser Pedros ou Miguéis. Como uma escala musical, nunca, nunca acaba. Só mudam os nomes, que podiam ser o mesmo, no fundo, são todos homens.

Então... acho que ao finalizar a construção deste monumento, deve ter havido uma confusão, uma troca de papéis, de nomes... é que o Dom João Quinto não pegou numa única pedra... só tocou uma, que agora está debaixo de terra... e mesmo assim é a ele que se aponta o dedo e diz-se “sim senhor, a mais importante realização pessoal de D. João V foi o projecto da construção de um edifício gigantesco!”. Então e quem o construiu? Foi o Sem Dom João Para Além da Força dos Seus Braços e Nunca Quinto! Ele e os outros tantos, que J. Saramago não se importou de nomear um a um.

Isto faz uma certa confusão, pois até nem foi o rei João (que tem um dom qualquer, o quê, não sei, talvez saber encher sacos de homens?), quem desenhou o projecto. Foi Ludwig, este teve sorte, não esqueceram o seu nome. Então e os que endireitaram as muralhas? Desses só se lembra o mármore.

Já que há bocado falámos de escalas, por que não de notas? Cada nota é um homem, todos juntos fazem um, neste caso, Convento, uma música! Mas de quem é o nome? Do compositor, quem juntou todos estes homens. Isto é. Notas.

No entanto, alguém parou alguma vez para pensar e identificar “aquela nota chama-se Lá” e aquela “Ré”?

Se isso acontecesse com os nomes dos homens, se alguém fosse justo e apontasse os nomes de toda a gente... Quilos de papel. Se calhar foi isso. Procurou-se poupar em papel para gastar em pedra.

Amanda Baeza, 12ºJ nº3

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