segunda-feira, 12 de maio de 2008

Reflexão

Reflexão

Para a edificação do Convento de Mafra, foram necessários quarenta e cinco mil trabalhadores que, apanhados à força e contra a sua vontade, foram amarrados em cordadas e enviados para Mafra, tudo pelas ordens e caprichos do Rei, pois exigia que a sagração da basílica se fizesse em 1730, no dia do seu aniversário.

É um facto que, em todos os relatos de grandes obras ou grandes feitos históricos, é-nos dada a informação de que foi o rei quem fez essas obras, foi o rei que, sozinho conseguiu marcar a história da nação com mais um grande feito, e por isso é recordado para sempre e estudado por nós e pelos que virão.

Mas terão sido de facto os reis a trabalhar horas a fio, a gastar a sua própria energia, o seu próprio corpo e o seu próprio suor para a edificação dos nossos grandes monumentos? Será que foram os reis que arrastaram os blocos de pedra para construir os seus magníficos palácios e habitações? Não, não foram.

Então e os trabalhadores que serviram os reis? “Para onde foram os pedreiros na noite em que ficou pronta a muralha da China?”. Não merecerão eles uma abordagem nos nossos livros de história? Por que não os destacam a eles também, em vez de só destacarem o rei? Afinal, foram eles a gastar as horas das suas vidas, horas a trabalhar em vez de poder estar com as suas famílias nas suas casas a passar bons momentos.

Os trabalhadores que participaram na construção do Convento de Mafra, terão tido eles a oportunidade de poder lá entrar depois de este estar acabado? Ou participar numa festa? Afinal, o Convento é tanto do rei como deles. O dinheiro que conseguiu pagar foi o do rei, mas o suor que o conseguiu erguer foi o dos trabalhadores. Será que a nobreza pensou alguma vez assim? Será que mesmo assim continuou a ver nestes trabalhadores só um mísero povo, com quem tinha vergonha de ter alguma coisa a ver? Sim, e isso podemos nós ver no Memorial do Convento, onde José Saramago retratou bem todos os trabalhadores e todos os criados e pessoal do rei, todos os seus caprichos. Sempre com um tom de ironia como acompanhamento.

Joana Rosa, 12º K

Nenhum comentário: