EM FRENTE À BRASILEIRA, NO CHIADO, ANA SUBTIL LÊ PARA OS COLEGAS:
«Trovoada
Entre onde havia nuvens paradas, o azul do céu estava sujo de branco transparente.
O moço, ao fundo do escritório, suspende um minuto o cordel à roda do embrulho eterno...
«Como está só me lembra de uma» comenta estatisticamente.
Um silêncio frio. Os sons da rua como que foram cortados à faca. Sentiu-se, prolongadamente, como um mal-estar de tudo, um suspender cósmico da respiração. Para o universo inteiro. Momentos, momentos, momentos. A treva encarvoou-se de silêncio.
Súbito, aço vivo.
Que humano era o toque metálico dos eléctricos! Que paisagem alegre e simples chuva na rua ressuscitada do abismo!
Oh, Lisboa meu lar!»
(Livro do Desassossego: Composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa /
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