segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Relatório da Visita de Estudo

Relatório da Visita de Estudo

Esta visita teve início às 9 horas da manhã na saída do metro da Baixa-Chiado, em frente ao café Brasileira, com o objectivo das turmas 12º J, K e I contemplarem com outros olhos a Lisboa “pessoana”. O primeiro local de referência e marcante na vida de Fernando Pessoa foi o café Brasileira. Foi neste local que Almada Negreiros e Fernando Pessoa, entre outros, se encontravam e debatiam as suas ideologias revolucionárias (“Centro dos Modernistas”) para darem origem, mais tarde, a uma das revistas e geração mais “chocantes” que viria a revolucionar mentalidades e a influenciar as artes e em conjunto a literatura não tendo quaisquer ideologias políticas associadas e cujo único objectivo era lutar contra o provincianismo português. Surge o termo Geração de Orpheu em 1915.

Leu-se um poema de Bernardo Soares, “A Trovoada” que visa ao complemento desta visita de estudo, dando assim uma visão segundo os sentimentos deste semi-heterónimo de Fernando Pessoa. Para além deste complemento no âmbito do Português, pudemos contar com uma professora de história da cultura e das artes para nos dar uma visão exacta sobre os factos relevantes que marcaram esta época.

Nesta altura pudemo deparar-nos com um Portugal pobre, pouco industrializado, e que necessitava rapidamente de pessoas como Santa-Rita Pintor, Fernando Pessoa, Almada Negreiros entre outros, que contactaram com outros países bastante avançados e que puderam internacionalizar gostos e criar um Portugal dinâmico que até então não havia saído de sucessivas crises.

Ainda no café Brasileira referiu-se o quadro de Almada Negreiros (4 pessoas - Almada Negreiros e sua mulher e mais um casal amigo) e a uma decoração muito revivalista tanto na sua fachada como no seu interior Rocócó, Barroco e com colunas de inspiração grega (coríntia) e a utilização do ferro que era um elemento bastante utilizado neste século.

Dirigimo-nos de seguida para o prédio onde depois da sua juventude e adolescência em Durban, Pessoa viveu com as suas duas tias e avó em frente ao Convento do Carmo e onde escreveu grande parte do livro do Desassossego (1908 - 1912). Leu-se mais alguns textos e de seguida fomos à Igreja dos Mártires onde Fernando Pessoa foi baptizado falando-se das características do edifício que depois do terramoto que devastou Lisboa a política era responder às necessidades de habitação segundo o Marquês de Pombal e a reconstrução de edifícios religiosos ficaria só para a segunda metade do século.

Continuámos, de seguida, até à residência onde Fernando Pessoa nasceu em 1888 no 4º andar e da sua infância no 1º andar desse mesmo prédio de inspiração pombalina e das varandas de Arte Decô em frente ao teatro de São Carlos que se apresenta com uma fachada neoclássica e um interior com inspiração nos teatros europeus cheios de pompa e fortes decorações fazendo contrastes entre interior e exterior (colunas de estilo dórico, simetria absoluta, clareza formal). Ainda se fez referencia à profissão do seu pai, que era crítico de peças de teatro e que inclusivamente escreveu alguns textos sobre o teatro São Carlos. Leu-se um texto de Bernardo Soares sobre as recordações enquanto criança e pudemos analisar a analogia entre o campo e a descrição da baixa pombalina que em recordações nos fala do sino da Igreja (“Sino da minha Aldeia”).

De seguida fomos visitar o Museu do Chiado tendo como objectivo complementar e perceber o quanto foram importantes as novas concepções de arte como a “instalação”, para a recuperação da palavra arte. Esta visita tem como objectivo introduzir a matéria que irá ser leccionada tanto em História como em Português e dar-nos uma importante visão da evolução dos tempos e o quanto foi importante o Modernismo para quebrar as regras sociais e cânones artísticos.

Depois de uma pausa para almoço de cerca de uma hora, o local escolhido para a continuação da visita foi o Miradouro de Santa Catarina onde pudemos encontrar uma estátua do Adamastor (Luís Vaz de Camões – Os Lusíadas) / Mostrengo (Fernando Pessoa – Mensagem) e onde lemos alguns textos tanto dos seus heterónimos Bernardo Soares e Álvaro de Campos como o ortónimo da Mensagem dando-nos uma visão contrastante do olhar peculiar que encarnava em cada personagem. Lemos alguns excertos da Mensagem para captar os versos principais com o objectivo de compreender esta obra épica que nos vai dar um outro olhar, um olhar psicológico dos heróis portugueses retratados n’Os Lusíadas através dos seus feitos físicos comparáveis a Deuses e imortalizados.

Já na rua Nova do Almada a poesia de Bernardo Soares voltou a ganhar destaque, pois é através dele que podemos compreender uma Lisboa com um olhar quase anti-heróico, onde sem qualquer relevância poética profunda e de uma maneira subtil compreendemos o quotidiano nesta época. Através de ruas até ao Terreiro do Paço passámos pela rua 1º de Dezembro lendo mais uma vez Bernardo Soares do livro do Desassossego, pelo Rossio, onde Álvaro de Campos descrevia a despedida do seu amigo Sá Carneiro que ia apanhar o Expresso, pelo café Nicola, pela rua dos Douradores, pela rua dos Fanqueiros no número 144ª a firma Palhares Almeida e Silva onde trabalhava, e por último o café/ restaurante Martinho da Arcada tendo assim por terminado a nossa visita de estudo.

Bernardo, 12º J

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom...