segunda-feira, 10 de março de 2008

Uma forma elegante de entregar trabalhos atrasados...

P.S.A. (Post Scriptum ANTECIPADO): estes são trabalhos que fiz no seu devido tempo, no entanto, esconderam-se do meu tempo, a minha memória, a minha percepção do espaço-hora-minuto-segundo, em gavetas, entre papéis e mais papéis e... Peço desculpa à professora...

DIÁRIO DE UMA AULA VERDADEIRA.

Não há melhor bálsamo do que ouvir palavras. Quero dizer. Antes de começar uma aula de português. Pelo menos, ajudam-me a reordenar os meus pensamentos, um duche frio que nos transporta aos primeiros dias do básico.

Dizia eu que começamos com um conto intitulado "Zero à esquerda", “recortando as sombras do telhado”. Aquela voz ajudou-me a passear por umas ruas incógnitas... “Desculpe, tem o sapato desatado.” Desculpe? Não queria dizer... a mente? “Olhe. Ainda está desatado.”. Como todos os outros contos que até agora a professora nos levou ao ouvido, este assentou que nem uma luva... no sapato. Quero eu dizer... na mente.

Pouco depois, a professora despegou o livro dos lábios e ficou a olhar-nos, satisfeita.

-Então. Gostaram?

O silêncio foi mais rápido a responder do que nós.

-Então, vamos passar... o que calhava hoje?

-Sttau Monteiro –respondem uns.

-Fernando Pessoa! –estes ganharam.

Relatório: Alberto Caeiro: um Pessoa anti-filosófico, anti-metafísico, anti-imaginação. Leituras dos décimos poemas, e um trigésimo nono. Afinamos as cordais vocais e começamos a arranhá-las em coro. Fabuloso. Os olhos da professora escondidos por um sorriso dizem “Isto é muito difícil. Vamos tentar outra vez.”, e lá tentamos mais uma vez. Por mim, passava a aula assim. Recorda-me aquele ano em que fiz uma espécie de teatro. Era eu sempre a má, pois todas queriam ser as princesas. Mas depois, fui eu quem ganhou o príncipe.

Depois da trigésima nona tentativa (estou a exagerar eheh), lemos o poema trigésimo nono, recorrendo à mesma técnica vocal. Fiquei um pouco baralhada, não só ao falar, como ao pensar. No fundo, “as cousas são o único sentido oculto das cousas.”.

Já não me lembro como é que uma chama de cabelos me despertou do transe. Ah! Já sei. No quadro estavam as palavras TEORiA DOS FRACTAIS. Soava-me a físicas e matemáticas. Eu só gostei das químicas...

-Eu acho que sei a fórmula disso... mas não consigo lembrar-me –ouvi o Jorge dizer.

-Não começa com um E+2 não sei o quê?? –atira a Adriana.

A professora tinha o riso preso na garganta. Sei-o. Aprendi-o com a minha avó chilena. Chamas voltaram a saltar dos seus cabelos... hum... já sei. São reflexos da luz.

-Não sei... Não conheço nenhuma fórmula matemática para isto... não quer dizer que não exista! Mas nunca ouvi falar nela. O que eu sei, é que a teoría dos fractais diz que a parte contém o todo, e que a soma das partes é mais do que o todo... –ao apontar estas coisas, perdi metade da conversa. E a minha antena pescou a minha consciência quando... –Por exemplo, na MÚSICA, as notas, sabem o que são as notas? –como não? Pensei. –pertencem a uma escala... –e o giz desenha uma escala musical. –e dentro de cada nota, existe outra escala. –e as escalas reproduziram-se. Sei que o ................... disse qualquer coisa e eu tive de apertar os lábios para não rir. Acho que esse é um defeito de fabrico: estar sempre com vontade de rir.

Ainda visitamos um "acantilado" (não sei se é assim se diz em português... ajudem-me!). Um pormenor de uma rocha é uma representação de toda a rocha. Foi mais ou menos isso.

Ah! E já ia perdendo o fio do raciocínio... isto tudo para chegarmos ao porto: Alberto Caeiro considera-se UNO.

Página 183. Ode triunfal. Álvaro de Campos.

Uma palavra: excesso.

Excesso de sensações, Sensacionismo.

Excesso de r-r-r-r-r-r, Onomatopeias.

Excesso de exclamações, Modernismo, Futurismo.

Excesso de febres e dentes, Doença.

-“Escrevo rangendo os dentes.” –diz-me.

-Também eu. Tirando a parte dos dentes. –penso.

-“Tenho os lábios secos.” –diz-me.

-Também eu. Não paras de olhar para as máquinas... –penso.

-“E arde-me a cabeça.” –diz-me.

-Eu tenho fome. –penso.

Álvaro de Campos cria uma confusão (bem. não ia criar outra coisa). Ele chega a um ponto em que não se percebe se a máquina está fora ou dentro dele. Creio que está tanto fora como dentro. O corpo humano não é uma máquina?

Ring-Ring-Ring. Intervalo. Será que Álvaro escreveu algum poema sobre uma campainha da escola?

AMANDA BAEZA 12ºJ Nº3

25.01.2008

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